Jéssica Weber
Jornalista apaixonada por mato e praia, interessada na história dos lugares, na arquitetura das cidades e em comida, é claro.
Boca da Onça
A Boca da Onça é uma das atrações mais incríveis da região de Bonito. Consiste em uma trilha com oito cachoeiras de água cristalina — a famosa Cachoeira Boca da Onça é a mais alta — e cinco paradas para banho, muito bem-vindas no calorão do Mato Grosso do Sul.
O parque Boca da Onça Ecotour fica na cidade de Bodoquena, a 60 km do centro de Bonito. Independente do percurso que você escolher fazer, é um passeio de dia inteiro, incluindo café da manhã e almoço. E aposto que você vai voltar para o hotel esgotado, dormindo de boca aberta no banco da van. Foi o que eu fiz, pelo menos.
Como é o passeio na Boca da Onça
As trilhas ficam em uma propriedade de 2 mil hectares, com 60% da área preservada, e o resto dedicado à pecuária. A gente tem noção do tamanho da fazenda no carro de pau-de-arara, indo até o começo da trilha.
Na hora de reservar o passeio, você vai ter que decidir qual percurso quer fazer: a Trilha Adventure, com 4 km, ou a Trilha Discovery, com 7 km, que inclui um trecho adicional margeando o Cânion do Salobra. Ambas são feitas necessariamente em grupo e com guia. Ah, para famílias com crianças ou idosos, ainda existe a opção de meia trilha, com 2,2 km.
Eu escolhi a Adventure, que é a mais popular. Dentro dela, existe a opção de, por um preço adicional, fazer um rapel de 90 metros de altura, a partir de uma plataforma metálica que avança 15 metros sobre o precipício (foto abaixo). Para evitar o desgaste das delicadas rochas calcárias, a operação do rapel é feita em negativo — sem o apoio dos pés na pedra.
A trilha é extensa, mais do que a média nos passeios de Bonito, mas a gente para tantas vezes para contemplação ou mergulho que eu quase nem senti. Pelo caminho, a gente vai curtindo o contato com a natureza e se surpreendendo com aparições inusitadas, tipo desse sapo com semblante supersério e desse lagartão, como dizem na minha terra, lagarteando no sol.
No meio do percurso, tem uma pequena lanchonete para comprar água gelada e um lanche rápido. No meu grupo, a parte mais difícil ficou para o final. Quem não faz o rapel encara uma escadaria de nada menos que 886 degraus, que pode fazer você se lembrar da Boca da Onça por alguns dias.
Mas vamos aos destaques da trilha Adventure:
Janela do Céu
É um dos pontos favoritos dos turistas para tirar foto. É uma espécie de piscina natural de borda infinita com vista para o cânion da Serra da Bodoquena. Não dá medo, a gente não chega perto do precipício. Tem uma passarela de madeira um palmo debaixo da água, onde os turistas podem caminhar, um por vez, para garantir sua foto.
Garganta da Arara
É uma cachoeira não muito alta, mas com um poço bom para tomar banho. Uma formação calcária em forma do bico de uma arara, que se projeta de uma enorme pedra, deu nome ao local.
Cachoeira da Anta
Esse é um ponto contemplativo, não dá para entrar na água. O deque para acesso dos visitantes passa rente a uma grande rocha, que forma uma pseudocaverna. A cachoeira tem 20 metros de altura e suas águas esculpiram tufas e formações bem diferentes.
Cachoeira do Jabuti
Outro ponto contemplativo. É uma cachoeira com mais volume de água, quando chove bastante, pode ser escutada de longe. Mas o destaque são as piscininhas que se formam entre suas tufas calcárias — o rio compacta matéria orgânica, formando essas bordas que você pode ver no leito do rio.
Cachoeira do Fantasma
É uma cachoeira de 21 metros de altura que forma um bonito véu. Algumas das piscinas que se formam na base da cachoeira chegam a 3 metros de profundidade. Há uma pequena gruta localizada no meio da cachoeira, que suscita a curiosidade de saber até onde ela vai — mas é proibido o acesso a essa cachoeira.
Buraco do Macaco
Na minha opinião, a parada mais divertida de todas! É uma gruta formada pela erosão do Córrego Boca da Onça, onde a gente consegue entrar por meio de um túnel de cinco metros. Não se preocupe se você não sabe nadar: eles dão coletes salva-vidas nessa hora e tem uma corda que nos ajuda a chegar no poço. Quando o sol toca esse lugar, fica mágico!
Poço da Lontra
O Poço da Lontra tem uma queda d'água pequena, de quatro metros apenas, mas bem charmosa, e uma piscina natural com essa cor esmeralda absurda! Dá para tirar fotos lindas na escadaria e tomar banho no poço de dois metros de profundidade com os lambarizinhos nadando ao seu redor.
Praia Boca da Onça
Localizado no Rio Salobra, tem um amplo poço para tomar banho enquanto admira a Cachoeira Boca da Onça. É rasinho no começo, mas logo fica mais fundo, então é um bom lugar para nadar. A água era surpreendentemente morninha e o rio estava cheio de piraputangas.
Cachoeira Boca da Onça
A cachoeira Boca da Onça é a mais alta do Estado do Mato Grosso do Sul, com 156 metros de altura. O nome vem de uma formação rochosa no meio da cachoeira que lembra uma onça (segunda foto) — mas você tem que fazer um esforço pra conseguir enxergar hehe. O deque de observação, aos pés da cachoeira, tem bancos e espreguiçadeiras de madeira para a gente descansar e apreciar a paisagem. Quando a cachoeira está cheia, no verão, todo mundo fica molhado com seus respingos.
Escadaria da Boca da Onça
Me arrisco dizer que é a atração mais temida do Mato Grosso do Sul. São 886 degraus que cansam demais! Pelo menos eles vão revelando, aos poucos, a bela vista da Serra da Bodoquena. Ao longo do trajeto, tem deques para descanso e você vai vendo a fauna da região também — eu avistei macaco-prego, lagarto e urubu. Quem faz o rapel não deve subi-la. Esses vão fazer morro acima todo o trajeto que a gente fez morro abaixo (é o percurso inverso), mas vão evitar a bendita escadaria.
Plataforma de rapel na Serra da Bodoquena
Logo acima da escadaria, fica a plataforma de rapel que eu já comentei. É uma estrutura metálica de 34 metros de comprimento que avança 15 metros sobre o precipício. Mesmo quem não contratou a atividade pode subir nela para apreciar a linda vista da Serra da Bodoquena, a 90 metros de altura.
Estrutura da Boca da Onça
A estrutura do complexo Boca da Onça, em Bodoquena, é uma das melhores da região. Tem belas piscinas, redário, bons vestiários e um agradável restaurante, com mesas externas e internas. A comida ali é deliciosa!
O café da manhã era bem robusto, mas, no almoço, precisei abandonar a dieta. Tinha carne com molho madeira, pacu empanado no fubá e coco, moqueca vegana, farofa de chipa, massa com um molho de tomate caseiro incrível, pirão de tilápia, frango com bacon e abobrinha, batata doce, fora a salada.
Preço da Boca da Onça: quanto custa o passeio?
Justamente por ser bem completo, o passeio da Boca da Onça é um dos mais caros da região de Bonito.
Os passeios costumam ser reservados por meio de agências de turismo de Bonito, os preços são tabelados. A Trilha Adventure (4 km) com almoço custa R$ 425 na baixa temporada e R$ 510 na alta (feriadões e períodos de férias escolares). Para crianças, é R$ 212 (baixa) ou R$ 255 (alta) e para idosos, R$ 340 (baixa) ou R$ 408 (alta).
Já a Discovery custa R$ 521 na baixa temporada e R$ 625 na alta. Para crianças, R$ 260,50 (baixa) e R$ 312,50 (alta); o mesmo preço para idosos. O transporte compartilhado, adquirido por meio de agências, sai por R$ 90 por pessoa.
Observação: preços de 2023.
Boca da Onça - Fotos
