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Jéssica Weber Jornalista apaixonada por mato e praia, interessada na história dos lugares, na arquitetura das cidades e em comida, é claro.

Feira de Tristán Narvaja

A Feira de Tristan Narvaja fala muito sobre Montevidéu. As incontáveis bancas montadas na rua todo domingo vendem de legumes a antiguidades, de souvenir a roupas íntimas, de martelo a creme de arnica. É o maior mercado de pulgas que eu já vi.

O evento já acontece há mais de cem anos: começou em 1909, inicialmente apenas com verduras e frutas. É realizado no bairro Cordón, ao longo da Rua Doutor Tristan Narvaja, que tem sete quadras partindo da famosa Avenida 18 de Julio. Mas acaba tomando também os cruzamentos e quadras no entorno — em dado momento, achei que não conseguiria sair de dentro da feira nunca!

Alguns objetos aleatórios que eu encontrei à venda por ali: flores, incensos, amuletos, pilhas de Tupperware, montanhas de cápsulas de café Nespresso, panelas, macarrão, pochetes, até uma camiseta falsificada do Grêmio com o nome do jogador uruguaio Suarez  — até pensei em levar pro meu pai. E muito disso fica misturado mesmo. A banca que mais tinha fila vendia pão, arroz, mostarda, bolacha água e sal e outras coisas de armazém.

A rua tem o aspecto típico dos bairros centrais de Montevidéu: casas baixas centenárias e plátanos delimitando as calçadas. Nesses prédios, também tem vários sebos, antiquários e bares que abrem durante a feira. Não deixe de conhecer a Babilonia Libros, uma livraria pequena, atulhada de livros antigos e novos até o teto. Tem uma atmosfera muito diferente, até parece coisa de filme.

Feira de Tristán Narvaja

Se livros estão na sua lista de interesses, você também precisa conferir a esquina da Tristan Narvaja com a Paysandu: ali os livreiros armam suas bancas aos domingos. Tem alguns que nem tem muita paciência de organizar, e erguem montanhas de livros pro pessoal garimpar. Foi a única coisa que eu levei da feira, inclusive: uma novela do Gabriel García Marques que eu ainda não tinha visto em português.

Feira de Tristán Narvaja

Além disso, sempre tem artistas de rua se apresentando por ali: quando eu fui, eram estátuas vivas pintadas de prateado e um grupo Hare Krishna tocando mantras. Se pintar uma fome, também tem uma esquina cheia de food trucks.

Mas um lugar bacana para almoçar ou tomar um café com calma é o El Imperio. O terraço sobre o restaurante tem vista privilegiada para a feira, mas a decoração na parte de dentro é o que faz dele um lugar único.

Eu adoro descrever os lugares para vocês, mas aqui eu vou ter um pouco de dificuldade, porque é, de fato, algo meio doido. Da mesa onde eu almocei, via algumas inscrições feitas bruscamente à mão, como "bar de amigos", também uma bandeirola da China, uma imagem de Cristo do lado de uma boneca velha pendurada na parede, pelo menos dois relógios parados, retratos muito antigos de gente anônima, um lustre sem lâmpada, um extintor de incêndio (que eu nunca vou saber se era decorativo), uma cadeira pendurada no teto, bem como um carrinho de feira que, por sua vez, sustentava uma gaiola vazia. E eu realmente achei que tudo combinava.

Ali comi um chivito, o sanduíche tradicional do Uruguai. Aprovado!

A Feira de Tristan Narvaja ocorre sempre aos domingos, das 7h às 15h, mas é melhor chegar de manhã para não pegar o povo desmontando as bancas. Veja mais dicas no post o que fazer em Montevidéu.

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Feira de Tristán Narvaja

Centro
Montevidéu