Grande Museu Egípcio - "Museu Novo"
Além de ser o maior do mundo dedicado a uma única civilização, o Grande Museu Egípcio é a coisa mais moderna que você pode encontrar no país. Com um investimento superior a 1 bilhão de dólares, o "museu novo" do Egito é duas vezes maior que o Louvre. Na minha opinião, ele conseguiu ressignificar o significado de faraônico.
O museu se localiza na cidade de Gizé, vizinha da capital Cairo. Em linha reta, fica a apenas 2km das Pirâmides do Egito. Inclusive, antes de chegar na exposição, a gente encontra uma vista privilegiada para a maravilha do mundo antigo. Colocaram até bancos voltados à janela, para você admirá-las como a grande obra de arte que são.
Levou mais de duas décadas desde o anúncio do projeto. O Grand Egyptian Museum (GEM) deve reunir mais de 100 mil artefatos, incluindo estátuas, jóias, móveis, sarcófagos e a coleção do faraó Tutancâmon, que quando eu visitei o Egito ainda estava no Museu Egípcio do Cairo, o "museu antigo". Reserve no mínimo duas horas para o museu, ou uma tarde inteira, se você gosta desse tipo de rolê.
A gente visitou o museu novo ainda antes da inauguração oficial. Nem todas as salas estavam abertas, e mesmo assim, não consegui ver todas as peças, mas nem de longe. Nesse post, a gente te conta como é a visita.
Grande Museu Egípcio: como é a visita
Já de fora, o prédio chama atenção, com elementos modernos e inspirações da civilização egípcia antiga — as portas lembram pirâmides, inclusive. O museu foi projetado para criar uma conexão visual entre o passado e o presente.
Ainda no hall de entrada, você encontra uma das peças mais notórias — e notáveis. Pesando 83 toneladas, com 10 metros altura, a escultura de granito retrata o faraó Ramsés II, da 19ª Dinastia. O mesmo do templo de Abu Simbel, sabe? Dizem que ele teve mais de cem filhos, e essa desenhada como uma rainha na lateral era uma delas. Depois dizem que pais não tem filhos favoritos hehe.
O nosso grupo se reuniu ali do lado do Ramsés II. Eu optei por fazer a visita guiada, que é mais cara. Em duas horas, passamos pelas principais peças já expostas, ouvindo todas as suas curiosidades. Esses equipamentos com fone de ouvido servem para ouvir o guia mesmo quando ele estiver mais distante, assim o homem não precisa gritar como antigamente.
Dica para os famintos: tem um restaurante de uma rede famosinha dentro do GEM, a Zooba. Serve autêntica comida egípcia. Vale programar o almoço por lá.
Importante destacar que as visitas guiadas são em inglês e que as placas informativas estão escritas em inglês e árabe. Tem internet wi-fi grátis, e, ao conectar, aparece na tela do seu telefone um guia de visitação, mapa do museu e até um flyer para crianças que visitam o GEM. Outro "detalhe" maravilhoso: o museu é todo climatizado. No calorão de maio, foi um alento.
Assim que passa das catracas, a gente sobe uma escadaria monumental ladeada por esculturas de deuses, reis e sarcófagos. Ou sobe logo ao lado de escada rolante mesmo, para evitar a fadiga heheh. E quando chega no topo, lá estão elas: as Pirâmides. Podem ser vistas através dessa janela gigante:
Tomara que quando você for, essas duas peças já estejam expostas por lá: a icônica máscara funerária com a imagem de Osíris, o deus egípcio da vida após a morte, e o navio de Quéops uma barca intacta de 43 metros de extensão que estava enterrada na areia sob a Grande Pirâmide de Quéops. Era um dos bens funerários do faraó, acreditava-se que ela o transportaria para a vida após a morte.
Essas duas ainda não estavam disponíveis quando eu visitei, mas seguem algumas peças interessantíssimas que eu pude admirar:
- Estátua do Escriba Nefer
Esse aqui nosso guia chamou de "Monalisa do Egito" em razão do olhar intenso e misterioso, que nesse caso é feito com pedras semipreciosas. Retrata o supervisor dos Escribas de Nefer, escrevendo textos em um rolo de papiro aberto em seu colo, de pernas cruzadas.
- Osíris em um Leito Funerário
Colocada em um túmulo real do início da Dinastia, esta escultura do Império Médio mostra uma cena do mito do deus Osíris. Morto e esquartejado por seu irmão Seth, mas magicamente ressuscitado pela esposa Ísis, que buscou os pedaços do seu corpo escondidos por todo o Egito, Osíris se tornou o deus da morte e do renascimento. O pássaro pairando sobre o corpo do deus representa Ísis.
- Cama e Encosto de Cabeça de Hetepheres
Esse é possivelmente o móvel mais antigo remanescente do Antigo Egito. A cama dourada, inclinada em direção aos pés, é decorada com formas geométricas e plantas. O encosto de cabeça, coberto com folhas de ouro e prata, teria sido acolchoado com um travesseiro de linho e penas. Pertenceu à Rainha Hetepheres, mãe de Queóps, e foi encontrado em uma câmara funerária escondida ao lado da Grande Pirâmide.
- Cadeira de transporte de Hetepheres
Usada para viagens, esta cadeira teria sido carregada nos ombros dos funcionários enquanto Hetepheres sentava-se em almofadas macias de penas. A inscrição sugere que foi feita durante o reinado de seu filho, o Rei Quéops.
- Caixão de Senbi
Embora os caixões do Império Médio tivessem geralmente um formato simples, alguns eram ricamente pintados, mantendo as tradições regionais. Este, de Meir, no Egito Médio, mostra a riqueza de detalhes geométricos.
- Estátua do Rei Amenemhat III
Esta estátua sentada foi encontrada no templo mortuário que fazia parte do complexo piramidal de Amenemhat III em Hawara. Mostra que o faraó em questão era retratado como um orelhudo. Mas isso pode ser apenas uma metáfora: egiptologistas acreditam que as orelhas grandes simbolizavam a disposição do rei em ouvir seu povo, em vez de refletir sua aparência na vida real.
- Caixão Interno de Padiamun
A faixa vertical neste belo caixão lista os nomes e títulos do sacerdote Padiamun. O interior da caixa é decorado com símbolos sagrados e uma grande figura de Imentet, deusa do Ocidente, onde os mortos repousam. Ah, você sabia que egípcios eram enterrados dentro de múltiplos caixões?
- Jogo Senet
Esse era um famoso jogo do Egito Antigo. Senet, que significava "passar", era associado à jornada para a vida após a morte. Tabuleiros de qualidade inferior e peças de jogo feitas de materiais diferentes comprovam que era um jogo popular na sociedade egípcia.
- Estátua ajoelhada de Hatshepsut
Hatshepsut era a "rainha-rei", uma das poucas faraós mulheres do Egito, que, entretanto, se vestia e se portava como um homem em busca do respeito dos outros. Estátuas reais ajoelhadas eram produzidas desde o Império Antigo, mas os escultores de Hatshepsut foram os primeiros a fazê-las em formas maiores que o tamanho natural. O templo funerário dedicado a ela, em Luxor, é um dos mais belos do Egito.
- Sumo Sacerdote Ramessesnakht
Esta estátua de granito de Ramessesnakht, Sumo Sacerdote de Amon, foi dedicada no templo de Karnak por seu filho. Ramessesnakht é representado como um escriba protegido por um babuíno, o símbolo de Thoth, deus da escrita, da sabedoria, da magia e da lua.
- Escaravelho Alado
Esse grande escaravelho do período Ptolomaico tem asas estendidas de prata e ouro, incrustadas com pedras semipreciosas. A peça fazia parte de um magnífico item ritual ou funerário. Esse inseto era considerado um símbolo de renascimento, regeneração e ciclo solar.
Ingressos para o Grande Museu Egípcio
O ingresso para o Grande Museu Egípcio é mais caro do que as demais atrações da região. Custa, em 2025, 1.270 libras egípcias, o equivalente a aproximadamente R$ 95. A gente optou pela opção com visita guiada, de 1.700 libras egípcias.
Dá para reservar antes no site oficial mas também rola de comprar na hora, na entrada. O atendente queria que eu pagasse em dinheiro, em libras egípcias, mas no final consegui pagar no cartão.