O que fazer no Egito
O Egito não é unanimidade entre os viajantes, eu sei. Mas neste post aqui te mostro por que é um dos lugares mais incríveis do planeta para quem se interessa por História, possivelmente o mais incrível.
O país preserva monumentos dos últimos 5 mil anos, você pode entrar em templos faraônicos e em algumas das mais belas mesquitas do norte da África. E a poucos minutos da capital (que é igualmente caótica e encantadora), estão elas. As Pirâmides foram construídas com milhões de blocos de pedra e mistérios.
Templos de Abu Simbel, no sul do Egito
Esse post aqui é dedicado às principais atrações do Egito. A gente trouxe dicas úteis, como os documentos necessários, custos, moeda, minha percepção sobre a segurança na página principal do guia, não deixe de ler isso também.
Eu divido as atrações por região, começando pelo Cairo, a capital, depois passando pela região de Assuã e Luxor. Também cito algumas atrações de Alexandria e do Mar Vermelho — tem praia na Terra dos Faraós, sabia? Vem ver o que fazer no Egito!
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O que fazer no Egito:
Cairo e Giza
Com o maior aeroporto do Norte da África, o Cairo é o local de chegada de praticamente todo brasileiro. Neste post, a gente traz todas as informações sobre a capital do Egito. Você também pode comprar um tour com ingressos.
1. Pirâmides do Egito: uma Maravilha do Mundo Antigo
Quando elas aparecem no horizonte, a gente fica meio bobo. As Pirâmides são o principal símbolo do Antigo Egito, a gente vê essas imagens desde criancinha, na TV, nos livros de história, nos filmes. Passar pelo Egito e não visitá-las é mais grave que ir ao Roma e não ver o Papa — inclusive, deviam mudar o ditado.
A Grande Pirâmide, de Queóps, é uma das Sete Maravilhas do Mundo AntigA maior e mais icônica é a de Quéops, com 138 metros de altura, foi o prédio mais alto do mundo por mais de 3,8 mil anos. Ela que é uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, a única da lista que segue intacta. Ao lado, ficam a Pirâmide de Quéfren e a Pirâmide de Miquerinos. Cada uma leva o nome do faraó que sepultou — pirâmides eram gigantescos túmulos reais, e esse formato servia para facilitar a ascensão do faraó morto aos céus. Os três eram avô, pai e filho, respectivamente, que reinaram na 4ª dinastia (de 2575 a.c. a 2465 a.C.).
- Free tour pelas pirâmides de Gizé e pela Esfinge
- Excursão às Pirâmides de Gizé, Mênfis e Saqqara
- Jantar e espetáculo noturno nas pirâmides de Gizé
- Excursão ao Cairo e às pirâmides de Gizé
As pirâmides se localizam na cidade de Gizé, também chamada de Guizé ou Giza. Dá 15km do centro do Cairo, que, sem muito trânsito, são percorridos em meia hora. Elas podem ser vistas de vários pontos da região, mas para chegar perto é necessário pagar entrada, é como um parque. Dá para pagar a mais para entrar nas pirâmides e também é possível contratar passeios de camelo direto com os proprietários. A gente ficou cerca de duas horas lá, mas eu queria ter pelo menos o dobro do tempo.
Acesse esse link para ler a experiência completa, com fotos e todas as dicas.
* Dicas de restaurantes com vista:
Para o dia em que você vai visitar as pirâmides, considere reservar uma mesa para almoçar no Khufus, que é tido como um dos melhores do Egito e tem uma vista imbatível, a apenas 500 metros da Miquerinos. Fora do sítio arqueológico, também tem algumas opções de restaurantes e bares com vista, como o Rooftop 7000.
* Hotéis com vista para as Pirâmides
- Sequoia Pyramids View: nota 9,5 no Booking
- Spire West Hotel: nota 9,4
- Turquoise Pyramids & Grand Egyptian: nota 9
- Soul Pyramids View: nota 8,9
- Marriot Mena House: nota 8,8
- Gaya Pyramids Hotel: nota 8,7
- Great Pyramid Inn: nota 8,6
2. A Grande (e misteriosa) Esfinge de Gizé
A Esfinge de Gizé fica no mesmo sítio arqueológico das Pirâmides, a uns 500 metros de distância delas. Sua função era justamente ser a guardiã dessas gigantescas tumbas reais, você sabia?
Trata-se da maior estátua esculpida em um único bloco de pedra no mundo, com 73 metros de comprimento e 20 de altura. Isso há aproximadamente 4,5 mil anos. O corpo de leão está relacionado à ideia de proteção, e a cabeça humana representa a sabedoria do faraó. Acredita-se que o rosto represente o faraó Quéfren, o dono da pirâmide do meio, embora alguns egiptólogos discordem. Eles acham que ela foi construída pelo irmão mais velho de Quéfren, Redjedef, para homenagear o pai dos dois, Quéops, dono da Grande Pirâmide.
A estátua foi esculpida em uma única peça de calcário, e resíduos de pigmento sugerem que já foi pintada. Acredita-se que pelo menos 100 trabalhadores levaram três anos para finalizá-la, usando martelos de pedra e formões de cobre. A Esfinge ficou enterrada na areia até os ombros até o início do século 18.
Também é preciso pagar ingresso para vê-la, a gente chega em um extenso mirante a menos de 20 metros da Grande Esfinge. O acesso se dá pelo chamado Templo do Vale (foto abaixo), que leva esse nome porque foi construído no vale do Rio Nilo. Hoje o leito do rio fica a 8km dali, mas, há 4 mil anos, tinha um braço do rio que passava ali.
3. Grande Museu Egípcio, a coisa mais moderna do país
O Grande Museu Egípcio ressignificou o conceito de "faraônico". Com um investimento superior a 1 bilhão de dólares, é duas vezes maior que o Louvre.
A gente visitou o "museu novo" ainda antes da inauguração oficial. Nem todas as salas estavam abertas, mas não consegui ver todas as peças, nem de longe. O Grand Egyptian Museum (GEM) deve reunir mais de 100 mil artefatos, incluindo estátuas, jóias, móveis, sarcófagos e a coleção do faraó Tutancâmon, que quando eu visitei o Egito ainda estava no Museu Egípcio do Cairo, o "museu antigo".
Ainda no hall de entrada, você encontra uma das peças mais notórias — e também notáveis. Pesando 83 toneladas e com 10 metros altura, a escultura de granito retrata Ramses II, o faraó-guerreiro, da 19ª Dinastia. Nesse post, eu trago outras preciosidades que conheci durante o tour guiado.
O prédio fica a apenas 2km das Pirâmides. Inclusive, antes de chegar nas exposições, a gente encontra uma vista privilegiada para a Maravilha do Mundo Antigo. Colocaram até bancos voltados à janela, para admirá-las como a grande obra de arte que são.
4. Museu Egípcio do Cairo, o célebre "museu antigo"
Até a abertura do Grande Museu Egípcio, ele que era a grande referência de museu em Egito, guardião de nada menos que 120 mil itens. O Museu Egípcio do Cairo ocupa um edifício rosado na Praça Tahrir, no centro do Cairo, e segue abrigando uma coleção gigantesca do Antigo Egito. Você encontra estátuas importantíssimas por lá, esfinges, sarcófagos, e até múmias de verdade, pelo menos duas.
Foi lá que eu vi o tesouro de Tutancâmon, incluindo joias, o caixão de ouro maciço que guardava múmia do faraó menino (pesa cerca de 110 quilos) e a icônica máscara funerária com a imagem de Osíris, o deus egípcio da vida após a morte. Não pode tirar foto. Mas vale pesquisar antes da sua viagem, porque a expectativa era de transferir a coleção ao GEM.
Outra peça que vale sua atenção é a estátua de Quéops. Isso se você conseguir encontrá-la, mede apenas 7,5 centímetros. É curioso que seja tão minúscula a única representação tridimensional remanescente do faraó da Grande Pirâmide, que foi por quase 4 mil anos a maior construção do mundo.
Mas já vou logo avisando que esse museu pode ser bem confuso, tem muitas peças por metro quadrado hehe. Vale demais ter um guia para te conduzir ao que realmente interessa. Se você precisar escolher entre um deles, eu não hesitaria em visitar "museu novo". Mas se você tiver tempo, vale visitar ambos, certamente.
5. Rua El Moez, o coração do Cairo Antigo
Uma boa referência para os turistas conhecerem a região do Cairo Antigo é a Rua El Moez Li-Deen Allah Al-Fatimi, também conhecida como al-Mu'izz ou El Moez. Tem vários restaurantes, lojas de souvenir, de antiguidades, vi até uma loja exclusiva de ponteiras de minaretes, que são as torres das mesquitas.
Os pedestres andam no meio da rua mesmo, mas cuide com o movimento de motos. Esse cara aqui estava fazendo uma demonstração como Dervixe, uma dança que remete à tradição sufi e tem um significado místico. Dervixe significa “aquele que busca as portas”. Com elegantes rodopios, esses dançarinos tentam se aproximar da divindade.
Comece o passeio no portão Bab al-Futuh, que em árabe significa Portão da Conquista. É um dos três portões restantes na muralha da cidade velha, foi construído no século X, e depois reconstruído em sua forma atual no final do século XI. É cercado por duas torres de defesa.
Com poucos passos, você já vai ver a primeira mesquita, de Al-Hakim. Serão várias ao longo do 1km da rua. Tomara que você passe por lá em um dos cinco horários diários de oração dos muçulmanos, para ouvir o chamamento nos alto-falantes.
Subimos ao terraço do Abu Al Araby Cafe, onde experimentei um tradicional chá de canela com leite (no menu está como cinnamon milk). Lembrou um chai latte meio pedaçudo, sabe? Já alerto que o café turco é praticamente mastigável, com bastante sedimento. Outra pedida tradicional é um chá de menta, aí não tem erro.
6. Mercado Khan el Khalili, o santuário da pechincha
É o mais famoso "souk" do Cairo — como são chamados os mercados árabes. Colorido, barulhento e vivo, esse lugar é interessante para qualquer um, mas absolutamente imperdível para os chegados em umas comprinhas.
O Mercado Khan el Khalili também fica na região do Cairo Antigo e conta com centenas de lojinhas. Lá, você encontra estatuetas, camisas de times, lenços, xícaras, imãs, lâmpadas (do Aladin, sabe?), bolsas, imãs, roupas, enfim, todo tipo de souvenir. A maioria das ruas é exclusiva para pedestres, e os prédios antigos, com passagens como essa da foto, tornam tudo meio mágico.
Se quer comprar com tranquilidade, vá cedinho. A gente foi no final da manhã, encontramos as ruas super tranquilas e os vendedores bem dispostos a negociar. Agora, se quiser experimentar esse lugar em máxima potência, pode ir final de tarde ou mesmo de noite, as lojas ficam abertas pelo menos até 23h.
Você ainda pode dar uma paradinha em um dos cafés mais antigos do Cairo. O El-Fishawi, ao lado do mercado, está aberto há mais de 200 anos. Eu também fiquei interessada no Umm Kulthum Cafe, que leva o nome e expõe muitas fotos da maior cantora egípcia de todos os tempos.
Vale seguir algumas dicas para sair do mercado feliz. Elas valem para qualquer um que pretende comprar em tendas de rua ou de vendedores ambulantes no Egito:
- Pechinche muito, mas muito mesmo. Se te pedirem 10 dólares, ofereça dois e negocie. Chega a acontecer de os vendedores recusarem, mas correrem atrás de você depois na rua com uma nova oferta.
- Dá para pagar em libras egípcias, em euros ou dólares. Como eles inventam o preço e a conversão na hora, e é tudo negociável, é difícil dizer o que é mais vantajoso. Nosso guia disse que costuma ser bem parecido.
- Evite pagar em cartão, pode acontecer de passarem o valor duas vezes ou fazerem algum golpe do tipo. Leve dinheiro em espécie, notas baixas pra conseguir pechinchar melhor.
- Tenha em vista que a maioria desses produtos vem da China mesmo. Evite comprar coisas de valor, como jóias, e se os vendedores disserem que o produto é feito com algum material caro, desconfie.
7. Vila fortificada de Citadela e sua bela Mesquita de Alabastro
A Cidadela de Saladino é uma fortaleza construída no topo da colina Muqatam para defender a cidade na época das cruzada e foi sede do Governo EgÍpcio por cerca de 700 anos. Lá fica uma das mais lindas mesquitas do Cairo, a Mesquita Muhammad Ali. Os fãs de boxe não têm porque se animar muito, pois nada tem nada a ver com o boxeador americano — esse é também o nome de um governante egípcio do século 20.
Construída entre 1830 e 1848, ela também é conhecida como Mesquita de Alabastro devido ao uso proeminente da rocha cobrindo as paredes. Ela foi construída em um estilo otomano e de influência europeia, e por isso se parece mais com as mesquitas turcas do que com as árabes. Tem uma majestosa cúpula central de 55 metros e quatro semi-cúpulas, que podem ser vistas de longe com a iluminação noturna.
O mais legal é que não muçulmanos podem entrar nessa mesquita. Para isso, é necessário usar calça e, no caso das mulheres, cobrir os ombros também (cobrir a cabeça não é necessário). A gente tira os sapatos para entrar, respeitando a tradição religiosa, e fica embasbacado com as luzes e riqueza de detalhes no seu interior.
Ao lado da mesquita, você vai deparar com uma das vistas mais incríveis do Cairo. Dá até para ver as Pirâmides no horizonte. Detalhe importante: é cobrada entrada para entrar na Cidadela, que já inclui o acesso à mesquita, a gente traz os preços no post sobre Cairo.
8. Bairro Copta e a gruta onde Maria se escondeu com o menino Jesus
O bairro Copta é a área cristã da capital egípcia, lugar que guarda alguns tesouros do patrimônio histórico. É lá que a Virgem Maria se refugiou com José e o menino Jesus durante sua fuga do rei Herodes. Você lembra? O rei da Judeia que ordenou a morte de todos os meninos com até dois anos de idade em Belém para eliminar o menino Jesus, segundo a Bíblia.
A gente caminhou por ruelas pardas e apertadas, que de alguma forma remetem a Jerusalém. Fomos primeiro à Igreja de São Sérgio e Baco, também conhecida como Abu Serga, construída sobre a cripta onde a Sagrada Família teria se exilado no Egito. Entramos em uma longa fila que conduzia até o fundo da igreja e descemos uma pequena escada para acessar essa espécie de caverna com um altar. Ah, também tem um poço de onde Maria, José e Jesus teriam tirado água para beber.
Logo na saída da igreja, você encontra uma placa que mostra por onde a Sagrada Família passou no exílio. E caminhando poucos metros, chega até uma sinagoga, ou seja, um templo judaico. Acredita-se que por ali passava um braço do Nilo, e que foi justamente onde o menino Moisés foi encontrado quando bebê. A mãe de Moisés colocou seu filho numa cesta e lançou no Nilo na tentativa de protegê-lo da morte, porque o Faraó havia decretado que o assassinato de meninos hebreus recém-nascidos. Mas foi encontrado justamente pela filha do Faraó.
Ainda tem mais coisa para conhecer nesse bairro, como a igreja de Santa Maria Virgem, mais conhecida como a "igreja suspensa do Cairo", por estar construída sobre uma das antigas portas da Fortaleza da Babilônia, e o Museu Copta do Cairo. Sua exposição permanente abriga ampla mostra de obras de arte sacra e objetos decorativos. As peças mais destacadas são os chamados Manuscritos de Nag Hammadi. Esse conjunto de papiros é conhecido como "evangelhos gnósticos" e suscitaram muita controvérsia entre os teólogos. Veja os detalhes da visita guiada pelo bairro.
9. Museu da Civilização Egípcia, o museu das múmias
Havia uma sala anexa dedicada a elas no Museu Egípcio do Cairo, mas 22 múmias foram transferidas em em 2021 ao Museu Nacional da Civilização Egípcia. O governo parou o Cairo com um grande desfile para transferir os sarcófagos: elas foram escoltadas por carruagem, ao som da Orquestra do Egito, com um clima épico.
Esse moderno museu conta a história da civilização egípcia do período pré-histórico ao atual, mas as estrelas obviamente são os corpos embalsamados há mais de 3 mil anos. Nesse processo, o corpo do faraó ou dos nobres tinha seus órgãos internos retirados (exceto o coração, porque acreditavam que era o centro do ser e da inteligência de uma pessoa), depois tinha o corpo secado e envolvido em centenas de metros de linho.
Uma das múmias que está lá é do faraó guerreiro Ramsés II, que tem suas estátuas gigantescas guardando templos como o de Abu Simbel e de Luxor e mesmo o Novo Museu do Egito (é ele na foto lá encima).
10. Bate-volta a Saqqara e Mêmfis, primeira capital do Egito
Um dos passeios mais populares entre quem viaja ao Cairo é o bate-volta a Mênfis, a primeira capital do Egito, e Saqqara, onde fica a famosa pirâmide de degraus.
Construída pelo Djoser, o primeiro rei da Terceira Dinastia (por volta de 2.700 a.C), essa foi a primeira grande construção de pedra da história. A câmara mortuária fica na base de um poço no centro da pirâmide, a uma profundidade de 28m, mas existem outros níveis abaixo ainda, em profundidade de até 40m. A Pirâmide de Degraus é considerada uma escada gigante, que o Rei Djoser subia após ser ressuscitado para se juntar ao deus sol Rá no céu.
A obra foi liderada por um arquiteto famosão na época, Imhotep, que detinha títulos como Conselheiro do Rei, "o Primeiro Depois do Rei", Administrador do Grande Palácio, Príncipe Hereditário e Grande Visionário de Heliópolis (um título relacionado à adoração do sol e à astronomia).
Ali a gente ainda entrou na pirâmide de Teti, que, por fora, mais parece uma montanha de areia, mas foi a segunda com textos gravados na parede. Também entramos uma mastaba mega preservada de um nobre, um alto funcionário da sexta dinastia, com desenhos relacionados à vida cotidiana — jovens fazendo acrobacias, mulheres dançando, pescadores trabalhando pelados para não molhar a roupa, crocodilos acasalando... Essa tumba foi descoberta apenas em 1940, o que contribuiu para sua preservação — chama-se mastaba do vizir Mehu.
Fizemos, por fim, uma paradinha rápida nas Ruínas de Memphis, uma espécie de museu a céu aberto, para ver a escultura Colosso de Ramsés II (gêmea da estátua na entrada do Grande Museu Egípcio) e a Esfinge de Alabastro, que é beeem menor que a de Giza, tem oito metros de comprimento. Mênfis foi a primeira capital, mas não há nada muito grandioso remanescente dessa época ali.
* Dica de compras:
No caminho para Saqqara, a gente parou em uma loja de papiro de verdade, com certificado e tudo. Tivemos uma breve demonstração da fabricação da folha com a planta em questão e pudemos comprar obras customizadas, com nosso nome escrito em hieróglifo na hora. Eu conto tudo neste post.
11. Zamalek, uma ilha rica e moderna no meio do Nilo
Existe uma ilha artificial no Cairo, entre dois braços do Rio Nilo. Na verdade, eu estive lá sem sequer saber que era uma ilha, uma vez que é servida por duas pontes de grande movimento. Chama-se Zamalek e tem bares e restaurantes badalados, bons hotéis e alguns pontos turísticos mais modernos do Cairo.
A ilha abriga o Cairo Opera House, o estádio do time de futebol Ahly e também a icônica torre do Cairo. É uma linda torre de telecomunicações de 187m, que foi a estrutura mais alta do Egito por 37 anos. É recoberta por uma treliça para ficar parecida com a flor de lótus. No topo, tem um mirante panorâmico e um restaurante giratório.
Para brindar o sucesso da viagem, a gente jantou no Crimson Bar & Grill, um gastropub bem descolado com vista para o Rio Nilo. Eu provei um delicioso risoto de cogumelos com castanhas e trufas, acompanhado de uma taça de um blend da vinícola egípcia Jardin du Nil. Também tinha filés, frutos do mar, massas e uma infinidade de entradas.
Sobre preços de comida e bebida: Esse restaurante, Crimson, é caro para padrões egípcios, mas eu achei bem parecido com o que eu pagaria no Brasil, cerca de R$ 55 o meu risoto. As bebidas alcoólicas é que são mais caras no Egito mesmo, um Negroni ali custava assombrosos R$ 115.
12. Culinária egípcia: Kebab, faláfel e muito mais
Da culinária árabe que estamos habituados aqui no Brasil, no Egito você deve encontrar shawarma (carne cozida lentamente em um espeto vertical e servido em fatias finas em pão pita), kebab (espetada de cubos de carne, que podem ir dentro de um sanduíche), faláfel (bolinho de grão-de-bico, que também pode virar sanduíche) e cafta (espécie de almôndega). Não vá com fome de kibe e esfiha, são especialidades do Oriente Médio.
Tem muito pato assado nos almoços e jantas egípcias, e você ainda deve encontrar tajine, é um prato tradicional do norte da África, conhecido por seu cozimento lento, que ajuda a intensificar os sabores, e pode incluir carne de gado, cordeiro ou frango, legumes e frutas secas. Ah, e sempre tem aquele pão achatado nas refeições, que aqui chamamos de pão sírio. Além de homus, que é a tradicional pastinha de grão de bico, encontrei bastante muhammara, que é uma pasta vermelha de pimentão com nozes.
Cafta de carne, frango, tomate, cebola e outros legumes, que chamam de churrasco (barbecue)
Berinjela também é um ingrediente popular por lá. A moussaka egípcia leva camadas de berinjela macia assada, um recheio de carne moída temperada e um molho de tomate. Também provei aubergine farcie, que é uma espécie de berinjela recheada.
Vai um docinho? Dois bem comuns são esses aí da foto, o knafe (ou alguma variação como kunafeh), feito de vermicelli, que é um tipo de massa bastante fina; e Basbousa é um bolo clássico de sêmola do Levante, que lembra o gosto de doce de ovos. São bem delicados, vão bem com um cafezinho ou chá de menta, que por lá é a bebida mais popular. Outra sobremesa bem comum são as tâmaras, a fruta mais amada pelos egípcios.
Outros passeios partindo do Cairo:
- Excursão privada de 2 ou 3 dias ao Deserto Branco e ao oásis de Bahariya
- Tour noturno pelo Cairo com jantar
- Cruzeiro pelo Nilo com jantar e espetáculo folclórico
- Excursão ao oásis de Fayoum
- Espetáculo de Dervixes com jantar
O que fazer no Egito:
região de Assuã
Assuã, chamada de Sunu pelos antigos egípcios, é uma das cidades mais importantes do sul do Egito, uma espécie de ligação entre o Egito e a África. A cidade abriga sítios arqueológicos, mas também é uma base importante para conhecer templos da região, como o de Abu Simbel, Edfu e Kom Ombo.
13. Templo de Philae, o templo da incrível deusa Ísis
O caminho já vai nos preparando para a experiência: barquinhos fazem o transporte de Assuã até a ilha de Agilkia. Leva nem dez minutos, com o lindo visual do Rio Nilo, e então avistamos as colunas do templo de Philae, dedicado principalmente à deusa Ísis, mãe dos deuses e dos faraós.
Abro um gigantesco parêntese para contar a história dessa divindade, que na minha opinião é a mais curiosa da mitologia egípcia. Ísis era casada com Osíris, o primeiro faraó na crença egípcia, governante da Terra. Ele foi morto e esquartejado pelo irmão, Set, que espalhou os pedaços do corpo por toda a extensão do Egito e assumiu o poder.
Ísis encontrou todos os pedaços, menos o pênis — segundo nosso guia, o membro foi comido por um peixe-gato e, por isso, os egípcios não comem esse pescado até hoje. Ela conseguiu reconstituir o corpo e contou com uma ajudinha divina para ter de volta o que faltava. Tanto que conseguiu engravidar, dando à luz Horus, o deus com cabeça de falcão. Guarde esse nome, porque a gente vai vê-lo em vários templos do Egito.
A maioria das estruturas do templo de Philae remetem ao Período Ptolomaico (332-30 a.C.). Na fachada, você vê o desenho do faraó (algum dos vários Ptolomeus, não sei qual) pegando os inimigos pelo cabelo e golpeando na presença de Isis. Os desenhos nas paredes dos templos normalmente expõem justamente a isso: façanhas militares e oferendas a deuses.
O templo permaneceu em funcionamento até o reinado do imperador bizantino Justiniano I (527-565 d.C.), que ordenou a interdição de todos os templos pagãos. O prédio foi convertido em uma igreja cristã e muitas inscrições foram deliberadamente destruídas. Você vê a cruz dos cavaleiros templários desenhadas em alguns pilares no interior do templo.
Santuário do Templo de Philae: dizem que encostar nessa pedra traz energias poderosasUma curiosidade: todos esses monumentos foram realocados da ilha original de Philae, a poucos metros de distância, para essa ilha Agilkia durante campanha da UNESCO na década de 1960 para resgatar monumentos inundados pela construção da Grande Represa de Assuã. Inclusive, as construções já estavam parcialmente debaixo da água quando aconteceu, dá para ver as marcas do nível do rio.
* Dica de compras:
Na saída do templo, passamos em uma loja de essências chamada Nubian Perfume Palace, que tinha essência de tudo que é perfume caro, essência medicinal, aromaterápica, afrodizíaca... A gente saiu com nariz confuso. Não é tão barato (tanto que a pão dura aqui não levou nada), mas é uma boa para quem ama perfume. Ah, peça desconto!
14. Templos de Abu Simbel, os mais lindos do Egito (na minha opinião)
Sabe o parágrafo emocionado na página principal do guia, o meu olhar embasbacado entrando em um templo faraônico esculpido na rocha? Isso foi nos templos de Abu Simbel, a experiência mais linda que eu tive no Egito, mais do que ver as famosas Pirâmides — alerta de polêmica.
Abu Simbel fica quase na fronteira do Egito com o Sudão. Até tem hotel por lá, mas é bem comum de os turistas fazerem base na cidade de Assuã, a cerca de 280 quilômetros. Foi o que a gente fez: pelas 2h30min da madrugada, nos juntamos a um comboio de ônibus de turistas escoltados pela polícia. Leva umas 3h, chegamos antes de amanhecer.
Esses templos foram feitos a mando de Ramsés II, um dos mais longevos e poderosos faraós do antigo Egito. É ele retratado nas gigantescas estátuas da fachada do templo maior, em quatro idades diferentes, de jovem a idoso. O faraó-guerreiro foi o segundo rei mais longevo do Egito Antigo, seu reinado durou 66 anos. Uma das estátuas copapsou durante um terremoto e seus fragmentos ainda podem ser vistos no chão.
A entrada no templo é de tirar o fôlego. A primeira sala tem um largo hall com oito estátuas de Ramsés II representados na forma do deus Osiris. As paredes são decoradas com cenas de batalhas, incluindo a vitória do faraó na chamada Batalha de Cades, contra o Império Hitita. Seguindo o corredor principal, você chega ao santuário, que é uma sala pequena com três estátuas de deuses e uma versão do próprio Faraó Ramsés II. Nos dias 22 de fevereiro e 22 de outubro, os raios de sol entram no templo e iluminam o rosto delas.
Alguns metros ao lado, fica um templo menor, também cavado no morro. Esse foi dedicado à esposa favorita do faraó, a Rainha Nefertari — acredita-se que ele teve oito esposas, dezenas de concubinas e mais de cem filhos. Os templos foram construídos há mais de 3,2 mil anos, na 19° Dinastia, para projetar o poder egípcio nessa região de fronteira.
Curiosidade: Esses templos também foram transferidos do local original na década de 1960 — eles ficariam completamente submersos com a construção da represa de Assuã. A obra foi cortada em mais de mil blocos e levada a esse ponto mais de 60 metros de mais alto em uma operação gigantesca orquestrada pela Unesco.
* Dica de compras:
No retorno à Assuã, visitamos uma loja de chás e temperos, árabes são famosos por esses produtos. Chamava-se Nubian Spices, lá tivemos uma verdadeira aula cheirando os frascos e descobrindo suas funções. Eu acabei não levando nada porque, legalmente, só é possível trazer na mala produtos industrializados — temperos assim a granel são vetados pelo nosso Ministério da Agricultura. Mas a maioria do meu grupo comprou.
15. Cruzeiro no Rio Nilo, o rio mais famoso da história
Um cruzeiro no Rio Nilo é uma das experiências clássicas do Egito, aparece até nos romances da Agatha Christie. É uma das formas mais populares de acessar templos do sul do país: a navegação pelo rio conecta a cidade de Assuã a Luxor, parando pelo caminho em Kom Ombo e Edfu (falaremos a seguir).
Durante a navegação, é possível ver o Egito rural de perto, incluindo vilarejos e grossas fileiras de palmeiras que contrastam com o solo avermelhado. O Nilo é o rio mais extenso do mundo (junto com o Amazonas), mas em nenhum momento do trajeto, a gente deixa de enxergar "terra firme". É o rio mais famoso da história, teve papel fundamental na construção e crescimento do Antigo Egito. E minha parte favorita dessa experiência foi o pôr do sol de cada dia.
Os cruzeiros costumam durar de três a cinco noites. Os navios são bem menores do que os de oceano, todos os que eu vi tinham quatro andares. Eles normalmente oferecem cabines com ar-condicionado, refeições incluídas, áreas de descanso e deques com piscina e vista para a paisagem. Muitas embarcações ainda promovem jantares temáticos e atividades culturais a bordo.
Bastidores: Imaginem a minha surpresa durante a soneca depois do almoço, em plena navegação, quando escutei alguns árabes berrando do lado de fora da janela. Vendedores em canoas conseguem se atar aos navios para oferecer seus produtos, na maioria lenços, que colocam dentro de sacos plásticos e atiram pela janela para os turistas. O pagamento ocorre da mesma forma: o turista bota a grana na sacola e atira de volta.
Se o seu medo é com relação ao balanço do barco, eu achei tranquilo demais, em nenhum momento cheguei nem perto de enjoar. Já fiz cruzeiro de mar e balançou bem mais. Mas não tive muita sorte com o meu navio, era meio antigo, o raio-x na entrada era meramente decorativo e não me pareceu preparado para evacuação em incêndio ou outro tipo de situação de emergência. Não sei como são os outros, talvez não seja uma preocupação dos cruzeiros dali de forma geral.
15. Templo de Kom Ombo, metade para um deus bom e metade pra um mau
Cerca de 50km ao norte de Assuã, esse templo fica na margem do Rio Nilo, os turistas conseguem avistá-lo já de dentro do cruzeiro. O seu grande diferencial é ser um templo dedicado a dois deuses, em um simétrico sistema de meio a meio. Metade é dedicada ao deus-crocodilo Sobek e metade, ao deus com cabeça de Falcão, Hórus — o filho da Ísis, lembra? Segundo nosso guia, o primeiro, mau, o segundo, bom.
Tá, mas por que os egípcios adorariam uma criatura má? Na verdade, eles tinham um profundo respeito aos crocodilos nesse ponto do Rio Nilo, onde esse animal existia em abundância e não raras vezes matava alguém. Por isso, segundo nosso guia, enchiam de oferendas, para que ficasse satisfeito e não comesse mais humanos. Interessante, né? Logo ao lado do templo, tem um museu onde você pode ver crocodilos mumificados.
Mas voltemos ao templo porque tem várias curiosidades dentro dele. Em um canto do templo de Kom Ombo, tem uma parede desenhada com dezenas de quadradinhos. É um calendário solar egípcio, com 365 "nasceres do sol", ou seja, 365 dias divididos em 12 meses de 30 dias cada, mais 5 dias dias festivos.
Também é um templo que atesta os conhecimentos sobre medicina no Antigo Egito. Havia uma espécie de hospital ao fundo, e nosso guia mostrou uma série de desenhos relacionados a instrumentos cirúrgicos, posições de parto, sondas para medir temperatura, etc. A construção do templo começou no início do reinado de Ptolomeu IV (r. 224–205 a.C.) e prolongou-se por reinados seguintes.
16. Edfu, o templo que reapareceu nas areias do deserto
Quem entra desavisado no Templo de Edfu não tem nenhuma pista de que ele ficou durante séculos enterrado no deserto. E não foi qualquer grãozinho não: esse templo gigantesco ficou 12 metros debaixo da areia, egípcios chegaram a construir casas em cima. E provavelmente isso colaborou para protegê-lo das intempéries do tempo e dos humanos, é um dos templos mais conservados (só foi resgatado a partir de 1860).
Situado na margem ocidental do Nilo, 110km ao norte de Assuã, sua construção começou durante o reinado de Ptolomeu III (246-221 a.C.) e foi concluída no reinado de Ptolomeu XII (80-51 a.C.), em 57 a.C., 180 anos depois. O local também foi dedicado à adoração do deus Hórus, o deus com cabeça de falcão.
Eu não terminei de contar essa história, o que acontece com o filho de Ísis e Osíris (o rei esquartejado). Hórus cresce e mata o tio Seth, vingando o assassinato do pai e salvando o Egito. Mas não sem antes perder um olho, que foi substituído por um amuleto de serpente. Os faraós passaram a usar esse símbolo na frente das coroas e virou um dos mais conhecidos talismãs egípcios de proteção. Está em vários souvenires.
O templo é fronteado por dois enormes pilones que exibem cenas de Ptolomeu XII conquistando seus inimigos e adorando divindades. Duas estátuas de granito do deus-falcão Hórus erguem-se diante dos pilones. Lá dentro tem dois salões hipostilos: o primeiro ilustra a fundação do templo com o rei em adoração; o segundo apresenta cenas da jornada de Hórus em uma barca sagrada, acompanhado pela deusa Hator.
Ah, eu disse que esse é um dos templos mais preservados, mas também não passou ileso pelo fanatismo religioso. Após a proibição do culto de imagens no cristianismo, no ano 391, o Templo de Edfu foi atacado pelos cristãos, que destruíram grande parte de seus relevos.
Outros passeios na região de Assuã:
- Passeio de barco pela Ilha Elefantina
- Represa de Assuã e Obelisco Inacabado
- Cruzeiro de 4 dias pelo lago Nasser
- Templos de Kalabsha, Beit El-Wali e Kertassi
- Passeio de faluca (barco a velas) por Assuã
O que fazer em Luxor
Luxor é um dos destinos mais importantes do Egito por causa dos seus templos faraônicos (Hatshepsut, Karnak e Templo de Luxor) e da necrópole do Vale dos Reis. Antigamente, essa região era chamada de Tebas, foi capital do Egito durante o Império Novo (1550-1069 a.C).
17. Templo de Luxor, um templo faraônico no meio da cidade
Até tem templos faraônicos isolados, no meio do deserto, mas esse aqui fica no meio de Luxor, uma cidade agitada de meio milhão de habitantes. Bem como Edfu, ele ficou por séculos enterrado pelas areais do deserto, foi descoberto e começou a ser escavado apenas em 1881. Logo na entrada, se você olha para cima, vê a porta de uma mesquita, que foi construída praticamente sobre a área do templo. Dá para ter uma ideia de o quão soterrado esse lugar ficou.
Ao contrário da maioria dos templos egípcios, esse não está disposto no eixo este-oeste, mas orientado para Karnak, a quase 3km dali. Isto porque o Templo de Luxor realizava uma das maiores celebrações do antigo Egito, quando as imagens de culto do deus Amon, da sua esposa Mut e do seu filho, o deus da lua Quespisiquis, eram retiradas do templo em Karnak e transportadas numa grande procissão em barcas até ao Templo de Luxor. Chamava-se Festival de Opet, percorria uma extensa avenida de esfinges (algumas seguem lá para contar a história).
O Templo de Luxor não foi construído por um único governante. O santuário data do reinado de Hatshepsut (c. 1473-1458 a.C.), a rainha-rei, já o núcleo do templo foi construído por Amenhotep III (c. 1390-1352 a.C.). Ah, até o Alexandre, o Grande, fez um santuário ali, em um crossover histórico.
A sua decoração, principalmente, as cenas que representam o Festival de Opet, foi concluída por Horemheb (c. 1323–1295 a.C.) e Tutancamon (c. 1336–1327 a.C.), o faraó do tesouro mais famoso de todos, sabe? E o célebre faraó-guerreiro Ramsés II (c. 1279–1213 a.C.) também deixou sua marca, nada discreta, como de costume. Fez um portão com duas torres que formava a entrada do templo, com estátuas suas gigantescas na fachada e um par de obeliscos. Só um permanece no local; o outro está na Place de la Concorde, em Paris, desde 1836.
18. Templo de Karkak, o maior de todo Egito
Localizado a 4km do centro de Luxor, esse é o maior templo de todo o Egito e um dos maiores do planeta! Foi sendo construído e ampliado ao longo de 2 mil anos, entre o reinado de Intef II (c. 2112–2063 a.C.) e o Reino Ptolomaico (305–30 a.C.). É que esse templo, dedicado a Amon Ra, o deus dos deuses, era tão importante no Antigo Egito que quase todo faraó que acendia ao poder queria deixar sua marca ali.
Você precisa tirar algumas fotos no Grande Salão Hipostilo do templo de Amon, basicamente uma floresta de colunas maciças, são 134. Elas têm 15 metros de altura, para além das doze colunas centrais, de maiores dimensões, que têm 21 metros de altura.
Pegando um caminho lateral, você chega na imagem de escaravelho (uma espécie de besouro), onde rola uma tradição imperdível. Nosso guia disse que se você der sete voltas ao redor dele, no sentido anti-horário, os deuses egípcios realizam um desejo seu.
Ao lado, fica o Lago Sagrado, conectado ao Nilo por engenhosos canais subterrâneos. O lago tinha um papel essencial nos rituais religiosos, sendo utilizado para cerimônias de purificação e representando o renascimento diário do deus-sol, Amon-Rá. Além disso, era considerado o lar dos gansos sagrados de Amon, que simbolizavam as águas primordiais de onde, segundo a crença egípcia, teria surgido toda a vida. Dá para sentar nas mesinhas da lanchonete logo ao lado, me pareceu um oásis com sombra e sorvete de manga no calorão de maio.
19. Templo de Hatchepsut, o único de três andares
Uma obra-prima da arquitetura do Antigo Egito, o Templo de Hatshepsut é o monumento mortuário dedicado à rainha-rei. É o único de três andares: são três terraços artificiais que se elevam gradualmente e parecem se integrar ao penhasco de de Deir el-Bahari.
A faraó Hatshepsut foi uma das figuras mais fascinantes da história do Egito Antigo. Governou entre 1479 a.C. e 1458 a.C, usando títulos masculinos, barba postiça e vestes típicas dos reis, tipo a minissaia triangular (que, naquela época, era roupa masculina). Tudo pra ter o respeito dos egípcios e dos inimigos.
Você vê desenhos dela vestida como homem nas paredes da capela dedicada ao deus Anúbis, localizada no segundo nível do templo mortuário, à direita. Anúbis, o deus do embalsamamento e dos cemitérios, é frequentemente representado com corpo humano e cabeça de cão. Repare no céu azul com estrelas: os egípcios acreditavam que, depois da morte, a alma subia ao céu como uma estrela.
Mas esse lugar tão lindo foi palco de uma tragédia em 1997, que ficou conhecida como o massacre de Luxor. Seis terroristas entraram no templo com metralhadoras e facas, matandp mais de 60 pessoas. O templo fica a uns 15km do centro de Luxor, do lado oposto do Rio Nilo.
20. Vale dos Reis, necrópole com mais de 60 tumbas reais
O Vale dos Reis é um cemitério real com 63 tumbas identificadas, mas é possivel que existam mais. Ele foi usado como necrópole real principalmente durante o Novo Império do Egito (c. 1550–1070 a.C.). Fica a 16km do centro de Luxor.
Para driblar os ladrões de tumbas e proteger os tesouros, os faraós desistiram das chamativas pirâmides e apostaram nesse lugar, onde os túmulos eram escondidos entre as montanhas, escavados na rocha e camuflados. E a montanha que abriga o vale tem um formato natural que lembra uma pirâmide, o que preservava o simbolismo sem precisar construir uma — a ponta piramidal facilitaria a subida da alma ao céu e a união com o deus solar Rá.
O ingresso dá direito a conhecer três tumbas. A primeira que visitamos foi a de Ramses IV (foto), com os afrescos super preservados, cores vibrantes e um sarcófago farônico, literalmente. Depois, entramos na tumba de Ramses IX, com um corredor lindíssimo, pintado com imagens de oferendas a deuses. Um parapeito de vidro ajuda a proteger essas paredes, ainda tão preservadas. Há uma rampa no final, que leva até o sarcófago.
A última tumba que visitamos (todas por recomendação do guia) foi a de Merenpian. Ali é necessário fazer um cardiozinho, visto que o acesso até a câmara mortuária desce bastante (e depois é preciso subir hehe). Não chega a ser uma escada, e sim uma rampa com hastes de madeira para o pé não escorregar.
Mas eu admito que gostaria de ter visitado também a tumba do famoso Tutancâmon, uma das mais populares do Vale dos Reis. A múmia do faraó permanece lá, é uma das poucas que foi mantida na sua tumba. Ela fica exposta ao público dentro de uma caixa de vidro com controle climático, instalada na câmara funerária subterrânea. Mas atente que o tesouro do faraó, umas das coleções mais importantes e famosas do Antigo Egito, não ficou ali. Quando eu visitei, estava no Museu Egípcio do Cairo, com expectativa de ser conduzido em breve ao Grande Museu Egípcio.
21. Colossos de Mêmnon, duas estátuas e algumas lendas
Os Colossos de Mêmnon são duas estátuas de 14 metros de Amenófis III. Eram consideradas guardiãs do templo funerário do faraó, destruído por um terremoto no ano 1.200 a.C. Com o rosto já bem danificado, as estátuas de 3,4 mil anos retratam o faraó tranquilo, com as mãos nos joelhos, olhando em direção ao Sol Nascente. Ao lado de suas pernas estão esculpidas sua mãe, a rainha Mutemwiya, e sua esposa, a rainha Tiye.
Nosso guia contou que havia um buraco dentro de uma das estátuas, que canalizava o vento e gerava um som parecido com o de um homem chorando, o que gerou algumas lendas. Ela foi reformada, e já não sai mais barulho (ou voz) alguma.
Os Colossos de Mêmnon não tem a grandiosidade das atrações que elenquei acima, mas merecem uma parada rápida. Até porque é uma das poucas atrações gratuitas dessa cidade. Ficam a menos de 3km do Templo Mortuário de Hatshepsut, ao lado da estrada.
22. Passeio de balão por Luxor ao amanhecer
Sabia que dá para fazer um passeio de balão sobre Luxor ao amanhecer? Durante o voo, de aproximadamente 50 minutos de duração, os turistas observam os primeiros raios de sol pintando de laranja os templos e ruínas do Antigo Egito na margem ocidental do Rio Nilo. Contemplam o Vale dos Reis e o Vale dos Nobres, sobrevoam o templo funerário da reina Hatshepsut, e ainda ganham um certificado de voo para guardar de recordação. Veja os preços neste link.
23. Museus de Luxor e da Mumificação
O Museu de Luxor é um dos maiores do Egito. Contém peças que foram escavadas em lugares históricos da região, como os Templos de Luxor e Karnak, incluindo joias, cerâmicas e estátuas. Lá, você pode ver objetos do faraó Tutancâmon, a estátua de Tutmés III e o mural do Templo de Karnak.
O Museu da Mumificação é protegido pelo deus Anúbis, com a cabeça de cão. Inaugurado em 1997, este museu explica perfeitamente os 70 dias que durava o processo da mumificação. Você pode visitar os dois com transporte e na companhia de um guia que fala português, veja aqui o passeio.
Assista o vídeo com nosso roteiro pelo Cairo, regiões de Assuã e Luxor:
O que fazer em Alexandria
Essa nossa viagem não incluiu Alexandria, mas se trata de uma das cidades mais importantes do Egito, a segunda mais populosa. Localizada à beira do Mar Mediterrâneo, Alexandria permaneceu como capital do Egito durante mil anos, até à conquista muçulmana do Egito. Hoje é uma mistura interessante de Oriente e Ocidente, emoldurada por um gostoso calçadão à beira-mar.
Fundada por Alexandre, o Grande, em 331 a.C., foi lá que existiu a lendária Biblioteca de Alexandria, considerada o maior acervo de conhecimento da Antiguidade, além do famoso Farol de Alexandria, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Embora esses dois ícones não existam mais, a cidade continua carregada de memória, com ruínas, museus e traços de seu passado greco-romano.
É possível entrar nos túneis das Catacumbas de Kom el Shoqafa, uma necrópole romana, para ver de perto seus extraordinários baixos-relevos. Em uma zona arqueológica próxima, fica a Coluna de Pompeu, um dos poucos vestígios preservados do antigo templo dedicado ao deus Serápis.
A Nova Biblioteca de Alexandria é um moderno edifício que permite conhecer a história da antiga biblioteca, que chegou a reunir uma das coleções de papiros e pergaminhos mais importantes do mundo. Ah, e não deixe de comer frutos do mar ao lado do Mediterâneo, como sugere esse roteiro aqui:
O que fazer no Mar Vermelho
Também não era a primeira coisa que me vinha na mente, mas sim, tem praias no Egito, com uma água azulzinha que contraria o nome do mar, Vermelho. O Pacote Completo que a gente fez pela Civitatis tem uma versão estendida, de 11 dias, que inclui um resort em Hugharda, veja os preços. Outras referências de cidades de praia no Mar Vermelho são Sharm el-Sheikh, Marsa Alam ou Dahab.
Hurghada tem seu próprio aeroporto, o voo partindo do Cairo leva pouco mais de uma hora. É conhecida pelos resorts all-inclusive e águas clarinhas repletas de corais. É perfeito para observar a vida marinha em um mergulho.
Por lá, você também precisa conhecer os minaretes de mármore branco da Grande Mesquita, que pode ser visitada por não muçulmanos, incluindo a sala de oração e ao mihrab, o lugar sagrado orientado a Meca que conta com uma extraordinária gama cromática. No aquário da cidade, é possível ver a diversidade de espécies marinhas que têm seu habitat nas águas do Mar Vermelho. Está tudo nessa visita guiada.
- Mergulho de batismo no Mar Vermelho
- Nadar com golfinhos em Hurghada
- Safári pelo deserto com jantar beduíno
- Passeio de barco com fundo de vidro
- Excursão a Orange Bay de lancha
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