Jéssica Weber Jornalista apaixonada por mato e praia, interessada na história dos lugares, na arquitetura das cidades e em comida, é claro.

Luxor

Luxor é um dos destinos mais importantes do Egito por causa dos seus templos faraônicos (Hatshepsut, Karnak e Luxor) e da necrópole do Vale dos Reis. Localizada às margens do Rio Nilo, a cidade é muitas vezes referida como o maior museu a céu aberto do planeta. 

Essa região era chamada de Tebas e foi capital do Egito durante o Império Novo (1550-1069 a.C). Hoje, é uma cidade grande, de mais de 500 mil habitantes. Tem aquele tempero de caos característico do Egito — lixo na rua, charretes disputando espaço com os carros, motociclistas apressados e semáforos meramente decorativos. Mas também tem hotéis luxuosos, boa oferta de restaurantes e atividades turísticas. Tem até passeio de balão ao amanhecer, mais em conta do que eu imaginava. 

LuxorTemplo de Luxor

Onde fica Luxor e como chegar

Luxor fica pouco mais de 650km ao sul do Cairo, a capital do Egito, e 215 km ao norte de Assuã. Você pode chegar lá de avião, por meio do Aeroporto Internacional de Luxor, a 10km do centro da cidade, de trem (tem até trem noturno, o famoso Sleeper Train) ou com os cruzeiros que vem de Assuã pelo Rio Nilo. 

Quando eu viajei ainda não havia Uber em Luxor, e usar táxi é sempre uma aventura, pois não usam taxímetro. Vale negociar o preço antes de entrar e monitorar o trajeto com o GPS do celular. Outra opção confortável é fazer os passeios com agências, com retirada no hotel. Nós conhecemos Luxor em um pacote de 8 dias pelo Egito, mas também tem esses tours:

Hotéis em Luxor

A cidade tem uma boa estrutura turística, de hotéis simples e baratos a resorts luxuosos. Seguem algumas sugestões com muitas reservas e boas avaliações dos hóspedes:


O que fazer em Luxor

Caminhar por Luxor é como atravessar um portal para o tempo dos faraós. De um lado do rio, está a Margem Leste, onde se ergue o impressionante Templo de Karnak, um complexo de templos, capelas e obeliscos dedicados aos deuses egípcios. Não muito longe, há o Templo de Luxor, com suas colunas colossais. É iluminado ao entardecer, um espetáculo à parte.

Do outro lado do Nilo, na Margem Oeste, está o Vale dos Reis, local onde foram enterrados alguns dos faraós mais poderosos do Egito, incluindo o famoso Tutancâmon. Também é possível visitar o Vale das Rainhas e os misteriosos Colossos de Mêmnon, além do Templo de Hatshepsut, uma das figuras mais icônicas da história egípcia.

Com exceção dos Colossos de Mêmnon, os templos e demais atrações cobram entrada. Custava, em 2025, de R$ 55 a R$ 85.  

Templo de Luxor

As primeiras evidências do Templo de Luxor datam da 18° dinastia (c. 1550–1295 a.C.). Fica dentro da cidade de Luxor, à margem do Rio Nilo e a cerca de três quilômetros a sul do Templo de Karnak — os dois estavam ligados por uma avenida de esfinges, com centenas dessas estátuas. 

Luxor

Uma das maiores curiosidades desse templo é que ele ficou por séculos enterrado pelas areais do deserto, foi descoberto e começou a ser escavado apenas em 1881. Logo na entrada, se você olha para cima, vê a porta de uma mesquita, que foi construída praticamente sobre a área do templo.

Luxor

Ao contrário da maioria dos templos egípcios, não está disposto no eixo este-oeste, mas sim orientado para Karnak. Isto porque o Templo de Luxor realizava uma das maiores celebrações do antigo Egito, quando as imagens de culto do deus Amon, da sua esposa Mut e do seu filho, o deus da lua Quespisiquis, eram retiradas do templo em Karnak e transportadas numa grande procissão em barcas até ao Templo de Luxor. Chamava-se Festival de Opet.

Luxor

O Templo de Luxor não foi construído por um único governante. O santuário data do reinado de Hatchepsut (c. 1473-1458 a.C.). Já o núcleo do templo foi construído por Amenhotep III (c. 1390-1352 a.C.), bem como a Grande Colunata, composta por duas fileiras de sete colunas colossais. Ah, até o Alexandre, o Grande, fez um santuário ali, por volta de 300 a.C. 

A sua decoração, principalmente as cenas que representam o Festival de Opet, foi concluída por Horemheb (c. 1323–1295 a.C.) e Tutancâmon (c. 1336–1327 a.C.), o faraó do tesouro mais famoso de todos, sabe? Essa abaixo é uma das poucas estátuas de Tutancâmon que podemos ver no Egito. É uma das várias estátuas e monumentos machucados nos séculos posteriores em razão do fanatismo religioso. 

Luxor

O célebre faraó guerreiro Ramsés II (c. 1279–1213 a.C.) também deixou sua marca, como de costume, nada discreta. Fez um portão com duas torres que formava a entrada do templo, com estátuas suas gigantescas na fachada e um par de obeliscos. Só um permanece no local; o outro está na Place de la Concorde, em Paris, desde 1836.

Luxor

No final do século III d.C., os romanos construíram um forte em redor do templo, e a primeira sala para além do salão hipostilo de Amenófis III tornou-se o seu santuário. Os relevos murais originais foram cobertos com placas e pintados no estilo artístico greco-romano, representando o Imperador Diocleciano (284-305 d.C.). 

Luxor

Templo de Karnak

A 4km do centro de Luxor, é o maior templo do Egito e um dos maiores do mundo. Foi sendo construído e ampliado durante cerca de 2 mil anos, entre o reinado de Intef II (c. 2112–2063 a.C.) e o Reino Ptolomaico (305–30 a.C.). É que esse templo, dedicado a Amon Ra, o deus dos deuses, era tão importante no Antigo Egito que praticamente todo faraó que acendia ao poder queria deixar sua marca ali. 

Luxor

Era chamado pelos antigos egípcios de Ipet-Sut, "O Mais Seleto dos Lugares". Karnak era, na realidade, um complexo de templos, composto por várias zonas: além da maior, o Recinto de Amon, existe o Recinto de Mut, sua esposa, a sul; o Recinto de Montu a norte; e, a leste, o templo de Akhenaton, dedicado a Aton.

Luxor

Você precisa conferir o Grande Salão Hipostilo do templo de Amon, basicamente uma floresta com 134 colunas maciças. Elas têm 15 metros de altura, para além das doze colunas centrais, de maiores dimensões, que têm 21 metros de altura. 

Luxor

Dois magníficos obeliscos erguem-se nas proximidades. O maior, erguido por Hatchepsut (c. 1473–1458 a.C.), a rainha-rei, com quase 30 metros e mais de 300 toneladas. Pegando um caminho lateral, você chega na imagem de escaravelho (uma espécie de besouro), onde rola uma tradição imperdível. Nosso guia disse que se você fizer um desejo e der sete voltas no sentido anti-horário, os deuses egípcios o realizam. 

Ao lado, fica o Lago Sagrado, conectado ao Nilo por engenhosos canais subterrâneos. O lago tinha um papel essencial nos rituais religiosos, sendo utilizado para cerimônias de purificação e representando o renascimento diário do deus-sol. Além disso, era considerado o lar dos gansos sagrados de Amon, que simbolizavam as águas primordiais de onde, segundo a crença egípcia, teria surgido toda a vida. Dá para sentar nas mesinhas da lanchonete logo ao lado, me pareceu um oásis com sombra e sorvete de manga no calorão de 36°C. 

Luxor

Templo de Hatchepsut

Uma obra-prima da arquitetura do Antigo Egito é o Templo Mortuário de Hatchepsut (c. 1473–1458 a.C.), a rainha-rei. É o único de três andares no Egito: são três terraços artificiais que se elevam gradualmente e parecem se integrar ao penhasco de de Deir el-Bahari. Acreditava-se que uma manifestação da deusa Hator, que amamentou e criou todos os reis, residia nesses morros de calcário. O templo fica a uns 15km do centro de Luxor, do lado oposto do Rio Nilo. 

Luxor

Os cultos aos reis falecidos eram mantidos em templos mortuários para a sobrevivência contínua das suas almas no além. A faraó Hatshepsut foi uma das figuras mais fascinantes da história do Egito Antigo. Governou entre 1479 a.C. e 1458 a.C, usando títulos masculinos, barba postiça e vestes típicas dos reis, tipo a minissaia triangular (que, naquela época, era roupa masculina). Tudo pra ter o respeito dos egípcios e dos inimigos. 

Você vê desenhos dela vestida como homem nas paredes da capela dedicada ao deus Anúbis, localizada no segundo nível do templo mortuário, à direita. Anúbis, o deus do embalsamamento e dos cemitérios, é frequentemente representado com corpo humano e cabeça de cão. Repare no céu azul com estrelas, pois os egípcios acreditavam que, depois da morte, a alma subia ao céu como uma estrela. 

Mas esse lugar tão lindo foi palco de uma tragédia em 1997, que ficou conhecida como o massacre de Luxor. Seis terroristas entraram no templo com metralhadoras e facas e mataram mais de 60 pessoas. Acredita-se que o atentado tenha sido executado por uma organização egípcia islamita, tentando minar o alistamento daquele ano para devastar a economia egípcia e fortalecer as forças anti-governamentais. Mas eles negaram a autoria. 

Vale dos Reis

Eu estava com expectativa alta para a próxima atração. O Vale dos Reis é um grande cemitério real que tem 63 tumbas identificadas, mas é possivel que existam mais. Ele foi usado como necrópole real principalmente durante o Novo Império do Egito (c. 1550–1070 a.C.). Fica a 16km do centro de Luxor. 

Para driblar os ladrões de tumbas, os faraós desistiram das chamativas pirâmides e apostaram nesse lugar, onde os túmulos eram escondidos entre as montanhas, escavados na rocha e camuflados, o que ajudava a proteger os tesouros. E a montanha que abriga o vale tem um formato natural que lembra uma pirâmide, o que preservava o simbolismo sem precisar construir uma visível — a ponta piramidal facilitaria a subida da alma ao céu e a união com o deus solar Rá. 

É das atrações mais caras da região: o ingresso custava, em maio de 2025, 750 libras egípcias, que dava cerca de R$ 85. Ele dá direito a conhecer três tumbas. As visitas são rapidinhas, reserve uns 15 ou 20 minutos para cada uma. A que eu mais recomendo é a de Ramses IV, com os afrescos super preservados, cores vibrantes e um sarcófago farônico, literalmente. 

A gente foi de meio-dia e pegou o vale dos reis quase vazio, o que é uma raridade. Mas pagou o preço com os 38 graus que fazia, em maio. 

Colossos de Mêmnon

Os Colossos de Mêmnon são duas estátuas de 14 metros de Amenófis III. Eram consideradas guardiãs do templo funerário do faraó, destruído por um terremoto. Com o rosto já bem danificado, as estátuas de 3,4 mil anos retratam o faraó tranquilo, com as mãos nos joelhos, olhando em direção ao Sol Nascente. Ao lado de suas pernas estão esculpidas sua mãe, a rainha Mutemwiya, e sua esposa, a rainha Tiye.

Nosso guia contou que havia um buraco dentro de uma das estátuas, que canalizava o vento e gerava um som parecido com o de um homem chorando, o que gerou várias lendas. Ela foi reformada, e já não sai mais barulho (ou voz) alguma.

Os Colossos de Mêmnon não tem a grandiosidade das atrações que relacionei acima, mas merecem uma parada rápida. Até porque é uma das poucas atrações gratuitas dessa cidade. Ficam a menos de 3km do Templo Mortuário de Hatshepsut, ao lado da estrada. 

Passeio de balão por Luxor ao amanhecer

Bah, tá aí uma coisa que eu queria ter feito: passeio de balão sobre Luxor ao amanhecer. Durante o voo, de aproximadamente 50 minutos de duração, os turistas observam os primeiros raios de sol pintando de laranja os templos e ruínas do Antigo Egito na margem ocidental do Rio Nilo. Contemplam o Vale dos Reis e o Vale dos Nobres, sobrevoam o templo funerário da reina Hatshepsut, e ainda ganham um certificado de voo para guardar de recordação. Veja os preços e faça sua reserva neste link.

Museus de Luxor e da Mumidificação

O Museu de Luxor é um dos maiores do Egito. Contém peças que foram escavadas em lugares históricos da região, como os Templos de Luxor e Karnak, como joias, cerâmicas e estátuas. Lá, você pode ver objetos do faraó Tutancâmon, a estátua de Tutmés III e o mural do Templo de Karnak. 

O Museu da Mumificação é protegido pelo deus Anúbis, com a cabeça de cão. Inaugurado em 1997, este museu explica perfeitamente os 70 dias que durava o processo da mumificação. Ao longo da visita você vai descobrir muitas curiosidades sobre o rito. Você pode visitar os dois com transporte e na companhia de um guia que fala português, veja aqui o passeio

Luxor