Onde Comer em Jericoacoara
Camarão, lagosta, filé de robalo, macaxeira, carne de sol, tapioca, cocada quente, sorvete de queijo com goiabada, caipira de cajá, de caju, de limão com mel de rapadura... Você encontra tudo isso e mais nos restaurantes de Jeri!
Onde comer em Jericoacoara é uma das perguntas que mais fiz desde que botei os pés em solo cearense, aos amigos, ao Google, aos jijoquenses. Encontrei respostas caras, é necessário destacar, mas deliciosas desde a primeira refeição, que foi um almoço tardio no Pimenta Verde, em uma mesinha na rua de areia, com vista para o beco mais fofo da vila. Provei um filé de chancarrona, peixe local, envolvido em uma crosta de farofa de pão e ervas, com batata soute e vegetais. Muito bom!
Outro almoço maravilhoso que fiz na vila, um pouco mais em conta também, foi em um restaurante de aparência bem simples com bandeiras do Paysandu e do Remo penduradas na sacada. A dona do Restô do Pará, um pedacinho da Amazônia na Rua do Forró, me disse que eu precisava comer filhote porque é "o melhor peixe do planeta". Esse tipo de conselho não se desperdiça. O peixe veio em uma crosta de castanha do Pará, com feijoada, pirarucu de casca, arroz temperado e farofa de castanha do Pará. Uau! Para beber, pedi um suco de bacuri por motivos de nunca ter ouvido falar. Achei parecido com sabonete líquido, se sabonete líquido tivesse o gosto do que cheira. Boa parte dos meus amigos discordou de mim, então não descarte a possibilidade de eu estar completamente errada.
Para a janta, dois destaques da Vila de Jericoacoara são o Tamarindo, com pratos bem refinados, e o Na Casa Dela, cujo diferencial é o ambiente.
É um espaço romântico e descolado ao mesmo tempo, com chão de areia e umas luminárias de antiquário pendendo do teto, cadeiras de modelos e tamanhos diferentes, pratinhos de vó floridos e quadros de figuras abstratas. Isso tudo sob os galhos de uma grande árvore. O cardápio tem todos os tipos de carne, risotos, massas, incluindo algumas coisas diferentes, como ravioli de arraia.
A gente também amou o Bistrô Caiçara, que fica no andar de cima de uma loja de decoração da Rua Principal. Nascido no interior do Ceará, o chef da casa se formou e trabalhou em grandes restaurantes de São Paulo antes de se estabelecer em Jeri, onde inovou com pratos como o polvo louco (polvo ao mel de rapadura picante, lagosta, camarão e legumes salteados, foto abaixo). Apesar do nome, achei um prato superequilibrado. Recomendo!
O Restaurante Dona Amélia é praticamente um ponto turístico da vila. É um dos pioneiros do forró em Jeri, se não o primeiro a colocar todo mundo para dançar o gênero ali. Eles recomeçaram os shows aos poucos depois da pandemia e a gente pintou por lá em uma quarta à noite, justamente no dia que tinha forró — uma dádiva de São Dominguinho.
Tem o restaurante coberto, um puxadinho com mais mesas atrás e um vão aberto no meio, onde tem o palco e um espaço para o arrasta-pé. Uma pintura cobre uma parede inteira, com caricaturas de Rachel de Queiroz, Ferreira Gullar e personalidades da música regional como o eterno Gonzagão — o sanfoneiro inclusive trouxe clássicos dele. Para completar essa experiência massa, pedimos e aprovamos o carro-chefe da casa: camarão no abacaxi.
Outro lugar para comer camarão é o Lagosteiro — e lagosta, é claro; na mesma lógica, o Bistrogronoff é um clássico para quem é chegado num estrogonofe; e, para petiscos, sugerimos o Fredyssimo, ótimo para tomar um vinho e compartilhar os pedidos entre amigos. Jeri não é referência em comida oriental, mas dá para matar a vontade de sushi no Kaze, que tem duas casas bem charmosas na vila.
Um erro crucial que muitos cometem é não deixar um espaço para a sobremesa. Você não pode ir embora de Jericoacoara sem provar o sorvete da Gelato e Grano. A diversidade de sorvetes é grande, e todo dia eles mudam alguns. Eu fui de sorvete tapioca — que não sei bem se tem gosto de tapioca, mas amei — e sorvete de queijo com goiaba, que citei no começo desse texto. Maravilhoso! Tem picolés com sabores de frutas bem cearenses também, eu provei o de tamarindo.
Na verdade, todas as sorveterias gourmet ao redor da Praça Principal são deliciosas, você pode provar uma a cada dia e tirar suas próprias conclusões.
Onde comer barato em Jericoacoara
A tapioca é um lanche gostoso e acessível em qualquer lugar do Nordeste. E a gente tem uma muito boa para te indicar em Jeri, no Shopping da Tapioca.
Não imagine, por causa do nome, que é um lugar megalomaníaco: é uma lojinha com fachada verde na Rua Principal, com algumas cadeiras e mesas de madeira e um janelão que dá para a cozinha. Mas tem muita variedade. São mais de 50 combinaçoes de recheio, e a gente adorou a completona, com queijo, carne de sol, requeijão tomate e orégano.
Não deixe de provar a torta de banana (eles se orgulham de ter a pioneira de Jeri) e, principalmente, a cocada. Chegou um grupo de turistas em lote para levar nas tupperware, porque não queriam entrar no avião sem repor o estoque do seu novo vício. As cozinheiras tiveram que passar a noite preparando. Exagerados? Talvez, mas eu entendo.
Se você está cansado de comer muito ou realmente costuma servir pouquinho, outra opção para não gastar muito são os buffet a quilo. Conhecemos dois muito bons em Jeri. Um fica no Club Ventos, restaurante climatizado e bem clean à beira mar, e outro, muito bem avaliado pelos frequentadores, é o Kuara, na Rua São Francisco. Tem uma boa variedade de carnes, massas e, principalmente, de saladas — exatamente o que eu estava precisando. Até vou postar a foto do meu prato coloridão aqui embaixo, minha mãe vai se orgulhar.
Se o seu orçamento estourou, você ainda tem as comidas de rua de Jeri, que substituem facilmente uma janta. Encontramos espetinhos deliciosos, de frango, carne, até de lagosta e camarão, no encontro da Rua Principal com a praia, e várias barracas na Rua São Francisco. Tem coxinha, pastel, pizza no cone, churros e até yakissoba por lá. Sem falar nas quentinhas de comida farta a preços módicos.
Restaurantes nos passeios
A gente comeu muito bem em toda as refeições que fez durante os passeios e também nos beach clubs. Havia uma época em que esses restaurantes eram bem mais caros, mas eu achei os valores praticados na vila semelhantes.
Mas eu preciso destacar o restaurante que leva muita gente até a Barrinha de Baixo: o Komaki. Além de comida boa, ele é um charme: pé na areia e teto de palha, cercado de árvores e canteiros de jasmins brancos e outras flores.
O polvo é o carro-chefe, um dos mais famosos da região. Eu não tenho vasta experiência nesse prato, mas posso dizer que comecei a gostar depois do Komaki. O tempero de alho era perfeito, a vista também. E olha que essa era só a entrada, para uma refeição inteira, peça como prato principal sem medo.