Santos SP — Eu não sabia qual música pôr primeiro no som do carro enquanto descia a Rodovia dos Imigrantes. Queria ouvir sobre as curvas percorridas por Roberto Carlos para atenuar um coração partido, da proposta indecente dos Mamonas Assassinas em uma Brasília amarela, escutar a voz para sempre jovem do Chorão ("maloqueiro skateboard que as minas pagam pau: eu vim de Santos, sou Charlie Brown").
Santos é eclética mesmo. Agrada de surfistas a fãs de futebol, de peregrinos cristãos a levantadores de garfo. Tem mais de 470 anos de história, paisagens naturais, museus de graça ou baratinhos e o maior porto da América Latina. A praia raramente está própria para banho, mas o paisagismo do calçadão já vale a visita: está até no Guinness como o maior jardim de orla do mundo.
- Tour privado por Santos e São Vicente
- Excursão completa por Santos
- Tour de bicicleta por Santos
- Tour privado do Pelé em Santos
- Voo de parapente por São Vicente
Acompanhe este guia: aqui apresento as melhores atrações da cidade, dicas de hospedagem, de quando ir e como chegar — são apenas 70 km de São Paulo. Você compreenderá o que nesta cidade inspira artistas, jogadores de futebol e viajantes com gosto musical estranho, tipo eu.
Onde fica e como chegar em Santos
Santos é uma cidade no litoral do estado de São Paulo, na região chamada Baixada Santista. Fica a aproximadamente 70 quilômetros da capital paulista e está situada na Ilha de São Vicente, conectada ao continente por pontes. Tecnicamente, fica na região central do litoral paulista, mas, popularmente, diz-se que pertence ao Litoral Sul, bem como Guarujá, São Vicente e Praia Grande.
A maioria dos turistas que vai a Santos parte da cidade de São Paulo ou da região metropolitana, normalmente com carro próprio ou alugado. Outra forma confortável é optar por um serviço de transfer, em vans ou carros de passeio, e é possível até fazer bate e volta para fugir da selva de pedras. Um exemplo é essa excursão de um dia, que inclui visita a outras cidades da região.
O aeroporto mais próximo a Santos é o de Congonhas, a 72 km, daí é necessário contratar um transfer ou alugar um carro para fazer o trajeto terrestre. O Aeroporto Internacional de Guarulhos fica a 110 km, mas tem a vantagem de ter uma linha de ônibus entre o terminal e a Rodoviária de Santos, pela Viação Cometa.
Veja as dicas detalhadinhas sobre como chegar em Santos.

Hotel em Santos
A cidade tem de Ibis a Sheraton — ou seja, há hotéis para diferentes bolsos e perfis de viajantes. A maioria se concentra próxima à orla, que é justamente o melhor lugar para ficar em Santos: uma região com mais policiamento, restaurantes, mercados, lojas e, claro, o belíssimo jardim costeiro que é a marca registrada da cidade.
Se você ainda não sabe onde ficar, confira a nossa seleção com as melhores opções de hotéis para a sua viagem. As acomodações foram escolhidas priorizando qualidade, preço das diárias e localização. Também incluímos na lista as notas do Booking.com, que indicam a avaliação de hóspedes anteriores sobre a hospedagem.
Não deixe de ler nosso post sobre onde ficar em Santos, com dicas detalhadas.
Sheraton Santos
Praia de Santos
Santos tem uma orla contínua de 5,5 km que começa na região próxima à entrada do Porto de Santos e vai até o Quebra-Mar, no limite com São Vicente. A praia recebe sete diferentes denominações ao longo dessa larga baía, normalmente entre os canais que desaguam no mar. Mas pouca coisa muda na praia, é provável que você nem repare que atravessou de uma a outra.
A faixa de areia é larga, com muitas barracas de comida e canchas de beach tennis, alguns coqueiros também. A praia é voltada ao mar aberto e tem ondas — normalmente moderadas. É um lugar cheio de vida em qualquer época do ano, com muita gente praticando exercícios, tomando um coco nos quiosques ou simplesmente curtindo o calçadão.

- Praia do José Menino/Pompéia: Extremo oeste da orla, na divisa com São Vicente, muito frequentada por surfistas experientes. É onde fica o Quebra-Mar.
- Praia do Gonzaga: A praia mais central e movimentada de Santos, bairro com muitos hotéis, restaurantes e shoppings.
- Praia do Boqueirão: Orla ampla, bem movimentada, com feirinha de artesanato e atrações como a Pinacoteca.
- Praia do Embaré: Próxima ao Centro e bastante frequentada, com várias opções de quiosques.
- Praia de Aparecida: Um trecho um pouco mais tranquilo da orla. É onde fica a Fonte do Sapo e o hotel Sheraton.
- Ponta da Praia: Trecho pequeno de praia antes da barreira sobre o mar, onde há um convidativo calçadão, popular no pôr do sol. É onde fica o Aquário de Santos.
Dificilmente alguma dessas praias se safa nas aferições de poluição da Companhia Ambiental de São Paulo. O recomendado é conferir previamente o relatório de balneabilidade neste link. Mesmo imprópria, tem muita gente que entra no mar nos dias mais quentes.
Você também pode visitar as praias da vizinha São Vicente — Itararé e Praia dos Milionários estão entre as mais conhecidas. Ou pegar uma balsa de Santos a Guarujá para conhecer as Praias de Guarujá — tem opções urbanas bem badaladas e outras praticamente intocadas.
Jardim de Orla de Santos é o maior do mundo
O que fazer em Santos — as nossas dicas
Santos é uma das cidades mais antigas do Brasil, e tem bastante coisa para fazer por lá, seja à beira-mar ou no Centro Histórico. Seguem algumas dicas, pensando nos mais diversos perfis de viajantes.
- Passear pelo maior jardim de orla do mundo: O belo paisagismo que se construiu junto à orla acabou levando a cidade ao Guinness World Records em 2002. São 5.335 m de extensão, com largura variando entre 45 m e 50 m, totalizando uma área de 218.800 m². Há ciclovia em toda sua extensão.
- Visitar o Quebra-Mar: É uma área de lazer completamente revitalizada à beira-mar, com uma das vistas mais incríveis da Baixada Santista. Por ali, há pista de skate, de pump track (circuito de lombadas para ciclistas), quadra de basquete 3x3, cancha de malha, cantinhos instagramáveis e banheiros públicos. A criançada se diverte em um playground e uma fonte interativa com jatos que brotam do chão.
- Ver o pôr do sol na Ponta da Praia: Não deixe de ir até o calçadão da Ponta da Praia para assistir ao pôr do sol enquanto come uma casquinha de siri ou um açaí. O cantinho da orla antes do porto se destaca por esse charmoso passeio sobre barreiras de contenção do mar, com mosaicos de pedra no chão, parapeitos branquinhos e postes de luz românticos.
- Subir o Monte Serrat de funicular: É um famoso morro de Santos, onde há a Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat, construída em 1603, um cassino da década de 20 e uma vista panorâmica incrível: dá para ver praticamente toda a cidade, o porto, a praia, o Estádio Vila Belmiro. E o passeio fica ainda mais massa subindo até lá de funicular, especialmente se você estiver viajando com crianças.
- Fazer um passeio de escuna por Guarujá e pelo Porto de Santos: É possível fazer um passeio de escuna partindo da Ponte Edgard Perdigão. Os roteiros têm duração média de 1h30 e incluem paradas para mergulho, além de vistas encantadoras da orla e de pontos históricos e naturais entre Santos e Guarujá. Ah, e você pode passar pertinho dos navios gigantescos do porto.
- Visitar o Museu do Porto: Se você se interessa pelo Porto de Santos, que é o maior da América Latina e o principal do Brasil em movimentação de cargas, também vale visitar o Museu do Porto, mantido pela Autoridade Portuária de Santos. Ele tem no acervo 2 mil itens, entre documentos, fotografias, instrumentos náuticos e ferramentas, coisas que preservam e contam os detalhes da história do lugar.
- Fazer um mergulho com cilindro no Parque da Laje: É um dos principais pontos de mergulho e fotografia subaquática do país, devido à grande visibilidade que pode alcançar. São até 35 metros em seus melhores dias. É formado por costões rochosos e formações de corais, um ambiente propício para a concentração de peixes de passagem. A porção que emerge da água tem formato que lembra uma baleia. A profundidade nos lados atinge 30 m.
- Levar a criançada no Aquário de Santos: É o mais antigo e o segundo maior aquário público do Brasil. Abriga cerca de mil animais de 120 espécies aquáticas. Mas pesquise se estará aberto na data da sua viagem, porque andou fechado para reformas.
- Visitar o Museu do Café, na antiga Bolsa Oficial do Café: Foi uma das atrações que mais me surpreenderam em Santos. É ótima para entender a história da cidade e é cheia de curiosidades para quem, como eu, não sabe viver sem a bebida. Ele ocupa a antiga Bolsa Oficial do Café, um edifício de estilo eclético inaugurado em 1922 na rua 15 de Novembro, uma das mais bonitas do Centro Histórico de Santos.
- Visitar o Museu do Pelé: É imperdível para qualquer um que simpatiza com o Rei. Na verdade, pode ser bacana mesmo para quem não é muito ligado em futebol — que é exatamente o meu caso. É um espaço moderno montado nos antigos Casarões do Valongo. Foi inaugurado em 2014, realizando um sonho do próprio Pelé, que queria um local para expor toda a sua história em Santos, a cidade que adotou como sua. E a entrada é gratuita.
- Andar de bondinho no Centro Histórico: Uma forma segura e lúdica de circular pelo Centro Histórico de Santos é à bordo de um bondinho histórico. A Linha Turística do Bonde usa elétricos dos séculos XIX e XX, e os motorneiros e condutores vestem réplicas do uniforme original da época em que os bondes eram o principal meio de transporte na cidade.
- Conhecer a casa do Santos Futebol Clube: Você pode conhecer os bastidores do estádio que revelou Pelé e Neymar. A Vila Belmiro, em Santos, tem um tour guiado que leva aos vestiários, à sala de imprensa, ao túnel de acesso ao campo e até à beira do gramado. Dá para tirar foto até sentado no banco de reservas. O tour termina no museu do estádio.
- Experimentar uma Meca Santista: Meca Santista é o prato oficial da cidade de Santos. Leva o peixe grelhado com camarões, acompanhado de risoto de palmito pupunha e farofa de banana-da-terra. É imperdível para quem curte frutos do mar.
- Provar o famoso pastel do Café Carioca: Pastel com puro suco de Santos. O Café Carioca é um boteco que guarda parte da identidade e da história de Santos, mantendo-se como um point famoso mais de 70 anos após sua fundação. Fica no Centro da cidade.
No post o que fazer em Santos, você encontra fotos e mais detalhes das atrações relacionadas. Essas fotos são do Monte Serrat:
Quando ir a Santos — a melhor época para visitar a cidade
Santos pode ser visitada o ano todo, mas a experiência pode mudar um pouco de acordo com a época da viagem. Podemos dizer que o verão em Santos é quente, que a temperatura baixa levemente no outono e na primavera, e que o inverno é fresquinho — longe de ser um frio rigoroso.
A alta temporada em Santos vai das festas de fim de ano ao Carnaval. Neste período, a cidade se torna um destino de praia, com faixa de areia lotada, calorão e clima de festa. Espere, porém, preços mais altos em hotéis e trânsito intenso. Feriados prolongados também são muito disputados.
A partir de março, já vira uma época para quem quer um rolê mais tranquilo. Esse período é ideal para quem prefere caminhar pelos jardins da orla, visitar museus, conhecer o Centro Histórico e aproveitar a praia sem tanta aglomeração. Viajei em abril e, por lá, peguei dias de sol, mas também uma chuva fina.
Museu do PeléEssa é uma característica um pouco chata do litoral paulista: diferentemente de vários destinos do Nordeste, não há um período seco definido. Chuva por lá é uma loteria. Em tese chove mais no verão, mas no inverno também tem incidência.
Ah, uma boa maneira de conhecer a cidade é se hospedando pelo menos dois dias por lá antes de pegar um cruzeiro no terminal marítimo de passageiros. A temporada de cruzeiros do porto de Santos costuma ir do final de outubro até abril. Tem navios gigantes que partem dali, com cerca de 20 andares e equipados com até dez bares, cassinos, teatro, spa, piscinas enormes, entre muitas outras atrações. Este post aqui mostra os navios que circularão por Santos na temporada de 2025/2026.
Pôr do sol na Ponta da Praia
Espero que esse guia te ajude a fazer o melhor roteiro por Santos. Boa viagem!
Jéssica Weber
Jornalista apaixonada por mato e praia, interessada na história dos lugares, na arquitetura das cidades e em comida, é claro.