O que fazer em Santos
Há muito o que fazer em Santos. A cidade é uma das mais antigas e importantes do Brasil, com o maior jardim de orla do mundo — registrado pelo Guinness — e museus surpreendentes, gratuitos ou com ingressos bastante acessíveis.
Neste post, fiz uma curadoria de atrações pensando nos diversos estilos de viajantes. As dicas ajudam tanto quem está só de passagem, prestes a embarcar em um cruzeiro, quanto quem prefere não ir muito longe nas férias. Você pode montar seu roteiro de acordo com o tempo disponível.
Mas, antes de qualquer coisa, vale reservar um bom hotel na cidade. A hospedagem vai fazer toda a diferença na sua experiência em Santos.
O que fazer em Santos: 18 dicas para todos os gostos
Para ajudar a fazer seu roteiro, separei as dicas entre as atrações próximas à orla e as que estão no centro e arredores.
Você vê a localização de cada uma no mapa abaixo:
O que fazer na orla de Santos
1. Pegar um sol e praticar esportes na praia
A praia de Santos bomba no verão, mas tem movimento em qualquer época do ano, com uma galera pegando sol e praticando exercícios físicos — beach tennis e futevôlei são febres por lá. A faixa de areia é larga, com muitas barracas de comida, canchas e alguns coqueiros. A praia é voltada para o mar aberto e tem ondas geralmente moderadas.
Mas atente-se à poluição: dificilmente algum ponto se safa nos relatórios da Cetesb, a Companhia Ambiental de São Paulo. O recomendado é conferir antes o relatório de balneabilidade atualizado, neste link. Mesmo impróprio, tem muita gente que entra no mar nos dias mais quentes. 
A orla tem 5,5 km e recebe sete diferentes denominações, normalmente entre os canais que desaguam no mar. São elas:
- Praia do José Menino/Pompéia: Extremo oeste da orla, na divisa com São Vicente, muito frequentada por turistas experientes. É onde fica o Quebra-Mar.
- Praia do Gonzaga: A praia mais central e movimentada de Santos, em um bairro com muitos hotéis, restaurantes e shoppings.
- Praia do Boqueirão: Orla ampla, bem movimentada, com feirinha de artesanato e atrações como a Pinacoteca no bairro.
- Praia do Embaré: Próxima ao centro e bastante frequentada, com várias opções de quiosques.
- Praia de Aparecida: Um trecho mais tranquilo e familiar, pode apresentar mar mais tranquilo, dependendo do dia.
- Ponta da Praia: Trecho pequeno de praia antes da barreira sobre o mar, onde há um convidativo calçadão, popular no pôr do sol. É onde fica o Aquário de Santos.
2. Passear no maior jardim de praia do mundo
Passar por Santos sem conhecer o maior jardim de praia do mundo é como ir a Roma e não ver o Papa. O belo paisagismo que se construiu junto à orla acabou colocando a cidade no Guinness World Records em 2002. São 5.335 m de extensão e largura entre 45 m e 50 m, totalizando 218.800 m². Há ciclovia em toda sua extensão.
Prefeitura de Santos/DivulgaçãoSegundo a prefeitura, o jardim abriga 1,3 mil canteiros, floreiras e vasos, com mais de 70 espécies ornamentais, como lírios-da-paz, biris, dracenas, pingos-de-ouro, paulistinhas, margaridas brancas e amarelas, crinuns brancos e coleus. O jardim também possui 38 monumentos e conjuntos esculturais, destacando personagens dos cenários santista, nacional e internacional.
O projeto tem uma unidade sólida, mas há alguns pontos que se destacam ao longo da orla. Um deles é a Praça das Bandeiras, na Praia do Gonzaga. É uma praça pequena porém muito bonita à beira-mar, com bandeiras de todos os estados brasileiros. No centro da praça está a fonte luminosa 9 de Julho, ornamentada com esculturas de anjos e peixes, além de jatos iluminados.

O jardim de praia é lugar amado por turistas e também por moradores para a prática de caminhada, parando vez que outra para tomar um coco nos quiosques — ou quem sabe uma cervejinha? A área é bem policiada e tem câmeras, mas ainda assim vale ficar atento à possibilidade de furtos e roubos. Isso vale para toda a Baixada Santista.
3. Visitar o Quebra-Mar de Santos
O Quebra-Mar é uma área de lazer completamente revitalizada à beira-mar, com uma das vistas mais incríveis da Baixada Santista. Por ali, há pista de skate, pump track (circuito de lombadas para ciclistas), quadra de basquete 3x3, cancha de malha, cantinhos instagramáveis e banheiros públicos. A criançada se diverte em um playground e uma fonte interativa com jatos que brotam do chão — elas adoram passar correndo para se molhar.
Tecnicamente, o Quebra-Mar é uma ponta de terra, pedras e concreto que avança cerca de 300 metros em direção ao mar. Bem na pontinha, tem uma escultura vermelha de 15 metros de altura, que chama atenção de longe. Inaugurado em 2008, o monumento Tomie Ohtake é uma homenagem ao centenário da imigração japonesa no Brasil.
Também chamado de Parque Roberto Mário Santini de Emissário Submarino, o Quebra-Mar oferece uma vista privilegiada de toda a orla de Santos e de São Vicente, que começa ali, do lado oeste. Tem até um pedacinho com gramado e alguns coqueiros, uma área interessante para um piquenique.
4. Ver o pôr do sol na Ponta da Praia
Não deixe de ir até o calçadão da Ponta da Praia para assistir ao pôr do sol, talvez enquanto come uma casquinha de siri ou um açaí. O cantinho da orla antes do porto se destaca por esse charmoso passeio sobre barreiras de contenção do mar, com mosaicos de pedra no chão, parapeitos branquinhos e postes de luz românticos.
Totalmente renovado, esse passeio conta com quiosques, espaços de contemplação, letreiro de Santos e até uma fonte interativa, onde a criançada se refresca correndo entre jatos de água. A fonte jorra água em seis momentos ao longo do dia, de quarta a segunda. Também é da Ponta da Praia que saem passeios de barco que percorrem a orla de Santos, passam perto de praias de Guarujá e chegam a ingressar no porto. Fizemos o passeio e contamos como foi logo abaixo.
A Ponta da Praia também é um bom lugar para assistir à entrada de navios gigantescos no Porto do Santos. No Deck do Pescador, experimente a casquinha de siri que eles servem na pequena lanchonete da entrada; não era muito barata, mas eu achei deliciosa. Também é nesse bairro que ficam os museus de Pesca, do Mar e Marítimo, o Aquário e o Mercado de Peixe de Santos.
5. Fazer um passeio de escuna por Guarujá e pelo Porto de Santos
É possível fazer um passeio de escuna partindo da Ponte Edgard Perdigão, na Ponta da Praia. Os roteiros têm duração média de 1h30 e incluem paradas para mergulho, além de vistas encantadoras da orla e de pontos históricos e naturais entre Santos e Guarujá.
Primeiro, fomos em direção ao Guarujá, passando perto da Fortaleza de Santo Amaro, da Praia do Góes, Praia do Cheira Limão, Praia do Sangava, onde ocorria uma parada de uns 15 minutos para mergulho no mar. Depois de avistar a Ilha de Palmas, voltamos em direção à baía de Santos, onde dá para ter uma vista massa da praia e aprender algumas curiosidades — tem um guia com microfone. Você sabia que a orla de Santos tem vários edifícios tortos devido ao tipo de terreno onde foram fincadas as construções?

Mas ainda está por vir a parte mais massa (na minha humilde opinião). A gente entra no Porto de Santos e consegue ver de perto tanto o estaleiro do Guarujá quanto os navios gigantescos atracados no porto. Coisa mais fofa ver a criançada abanando para as embarcações do tamanho de prédios.
Dica extra: Se você se interessa pelo Porto de Santos, que é o maior da América Latina e o principal porto brasileiro em movimentação de cargas, visite o Museu do Porto, mantido pela Autoridade Portuária de Santos. Ele possui no acervo 2 mil itens, entre documentos, fotografias, instrumentos náuticos e ferramentas, coisas que preservam e contam os detalhes da história do lugar. Não faz parte do passeio de escuna.
Fiz o passeio na Escuna Mestre dos Mares, com capacidade para quase 200 pessoas. Ocorre diariamente no verão e aos finais de semana durante o restante do ano, com quatro saídas diárias. Custava, em 2025, R$ 60 para adultos e R$ 30 para crianças. Há venda de cerveja, drinks, sucos e salgadinhos dentro do barco. E, como a escuna tinha a temática pirata, havia um ator devidamente caracterizado fazendo piada e convocando os passageiros para brincadeiras, como morto-vivo.
6. Fazer um mergulho com cilindro no Parque da Laje
Os mais aventureiros precisam conhecer a Laje de Santos. É um dos principais pontos do país para mergulho com cilindro e fotografia subaquática, graças à excelente visibilidade — que pode chegar a 35 metros nos melhores dias.
Ele é o primeiro e único parque marinho do Estado de São Paulo. É formado por costões rochosos e formações de corais, um ambiente propício para a concentração de peixes de passagem. A porção que emerge da água tem formato que lembra uma baleia. Tem 550 m de comprimento, 33 m de altitude e 185 m de largura. A profundidade nos lados atinge 30 m.
Lá, é possível encontrar espécies de corais, esponjas, estrelas-do-mar, caranguejos, além de diversos cardumes de peixes que lá se alimentam e se reproduzem. Outros peixes, que não formam cardumes, também utilizam esta área para sua alimentação. É o caso da raia-manta, animal-símbolo do parque, que pode atingir até nove metros de envergadura.
Mas não é fácil chegar lá: fica a 42 quilômetros da costa e depende de condições climáticas e marítimas adequadas para a atividade acontecer. Havíamos nos planejado para fazer o mergulho, mas o mar estava muito agitado e o plano foi cancelado. Mas tenho amigos que foram especialmente de São Paulo a Santos para fazer o mergulho e acharam incrível!
Normalmente, as atividades são realizadas por operadoras especializadas nos finais de semana, e às vezes em uma data durante a semana.
7. Levar a criançada no Aquário de Santos
Mais antigo e o segundo maior aquário público do Brasil, o Aquário de Santos é uma atração bem interessante. Abriga cerca de mil animais de 120 espécies aquáticas. Mas pesquise se estará aberto na data da sua viagem, porque andou fechado para reformas.
Por lá você vê tubarões-lixa, tartarugas, pinguins, raias, estrelas-do-mar, ouriços e, é claro, muitas espécies de peixes — sernambiguara, corcorocas, xaréus, robalos, salemas, marimbas... O Aquário ocupa uma área de 3 mil m², com 32 tanques. Do lado direito, ficam os tanques de água salgada e, do lado esquerdo, os de água doce. Todos os tanques receberam cenografia que reproduzem os habitats naturais dos animais.
Tipo, nos tanques de água doce, foram criados ambientes de fundo de rio, com galhos, folhagens, raízes e barrancos. Já os animais de água salgada nadam em ambientes rochosos. No tanque das moreias, que preferem ficar escondidas, canos de PVC funcionam como tocas, imitando fendas nas rochas.
O pinguinário foi a minha ala favorita do Aquário — é sempre massa acompanhar seus passos desengonçados. O espaço possui três ambientes, dois deles ligados por uma passagem submersa e climatizados, de forma a manter a temperatura média de 17º C. Mas o legal é que a área inclui um tanque com parede de vidro, então a gente consegue ver os bichos mergulhando, desaparecendo de um lado do corredor para aparecer de outro.
E o ingresso é baratinho: custava só R$ 10 em 2025, e pode ser comprado em combo com o Orquidário de Santos, sobre o qual falaremos a seguir.
8. Visitar o Orquidário de Santos
O Orquidário Municipal conta com cerca de 3,5 mil orquídeas de 120 espécies, a grande maioria afixada nas árvores. Inaugurado em 1945, era, à época, o maior parque do gênero ao ar livre do mundo e mantém-se como o segundo local público em visitação na cidade, atrás apenas do Aquário.
É, na verdade, um parque zoobotânico que reproduz a Mata Atlântica. Isso tudo a apenas uma quadra do mar, na praia de José Menino. Ele abre de terça a domingo. No momento em que escrevo, só aceitava dinheiro.
O que fazer no Centro de Santos
9. Subir o Monte Serrat de funicular
O Monte Serrat é um famoso morro de Santos, onde há a Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat, construída em 1603, um cassino da década de 20 e uma vista panorâmica incrível: dá para ver praticamente toda a cidade, o porto, a praia e o Estádio Vila Belmiro. E o passeio fica ainda mais legal subindo até lá de funicular, especialmente se você estiver viajando com crianças.
O funicular é uma espécie de bondinho que sobe os 147 metros da encosta do Monte Serrat. O equipamento veio da Alemanha e foi instalado na década de 1920. São dois bondes em movimento sincronizado e um desvio no centro, tendo como sustentação um cabo de aço. O trajeto leva cerca de cinco minutinhos apenas.
A gente desembarca no antigo Casino Monte Serrat. Era um lugar todo chiquetoso, com mármore de Carrara, vitrais belgas, cortinas e tapetes franceses, prataria e cristais da Europa. Foi frequentado por barões do café, banqueiros e outros ricaços da região na primeira metade do século passado. Dizem que até Carmen Miranda se apresentou em seus salões.
Dá para sair do complexo turístico e acessar a charmosa igrejinha, que na verdade é um santuário, o Santuário de Nossa Senhora do Monte Serrat. Para quem não quer gastar com o funicular, dá para chegar à igreja em uma escadaria. Muitos peregrinos encaram seus 416 degraus, especialmente em 8 de setembro, dia da padroeira de Santos. No percurso, há 14 nichos com representações da via-sacra. 
Vale fazer esse passeio no mesmo dia dos museus do Café e do Pelé e do bondinho do Centro Histórico, que a gente vê a seguir. Você lê mais informações sobre a atração neste link.
10. Visitar o Museu do Café, na antiga Bolsa Oficial de Café
O Museu do Café foi uma das atrações que mais me surpreenderam em Santos — é ótimo para entender a história da cidade e está cheio de curiosidades para quem, como eu, não vive sem uma generosa xícara da bebida. Ele ocupa a antiga Bolsa Oficial de Café, um edifício de estilo eclético inaugurado em 1922 na rua 15 de Novembro, uma das mais bonitas do Centro Histórico de Santos.
Você logo se depara com o Salão do Pregão, com 81 cadeiras e mesas originais em imbuia e jacarandá. Esse era o espaço das negociações que fixavam as cotações diárias das sacas de café até 1950. O piso tem desenhos geométricos, com mármores da Grécia, da Espanha e da Itália. Detenha-se por um instante em frente às três pinturas do Salão do Pregão, de Benedito Calixto. Elas mostram as transformações urbanas e econômicas de Santos: a fundação da vila, 1822 e 1922.
Mas esse é só o começo, ainda tem um espaço nos fundos, no térreo e em todo o segundo piso para explorar, que tem uma proposta mais moderna e interativa. Ali você conhecerá as antigas profissões ligadas ao café em Santos e poderá explorar ambientes lúdicos que simulam tanto uma cafeteria antiga quanto outra futurista, enquanto aprende curiosidades sobre a história, a evolução de preços e costumes, as especialidades e as obras de arte relacionadas ao hábito de tomar café.
Ah, e também é uma ótima ideia tomar um café por lá, até pra não ficar na vontade. Mas deixa eu abrir um novo tópico:
11. Tomar um cafezinho pelo Centro
Assim que colocar os pés no Museu do Café, já peça uma xícara para ir entrando no clima. Por ali mesmo, na cafeteria que fica na entrada do prédio — você será guiado pelo cheiro.
Tem algumas mesas instaladas nesse bonito hall, e diversos tipos de preparos e preços. Tem cafés expressos, coados em sete diferentes métodos, gelados... Lá, encontrei até o lendário Jacu Bird Coffee, um café caríssimo que é tirado do cocô do Jacu. A ave seleciona os melhores grãos de café no pé. Uma vez alimentado pelos melhores frutos, o jacu elimina os grãos ao pé das árvores de café, que são colhidos manualmente pela equipe de catadores, secos, limpos e guardados. Doido, né?
Mas os amantes de café também precisam incluir no roteiro pelo centro uma parada no Rei do Café, que tem a torra e a moagem junto à loja, na Rua Gonçalves Dias. Sugiro pegar as carolinas para acompanhar, também feitas ali. Bah, já consigo até sentir o cheiro.

12. Visitar o Museu do Pelé — mesmo se não gosta de futebol
O Museu do Pelé é imperdível para qualquer um que simpatiza com o Rei. Na verdade, pode ser bacana mesmo para quem não é ligado em futebol — que é exatamente o meu caso.
É um espaço moderno montado nos antigos Casarões do Valongo. Foi inaugurado em 2014, realizando um sonho do próprio Pelé, que queria um local para expor toda a sua história exatamente em Santos, a cidade que adotou como sua. Descobri no museu que Pelé tinha 15 anos quando chegou ao Santos, de ônibus, usando calça comprida pela primeira vez, e que foi ali que conheceu o mar.

Com camisas, chuteiras, bolas, troféus, objetos pessoais, documentos, fotos e filmes, o local relembra a trajetória de Edson Arantes do Nascimento desde a infância até sua consagração como ídolo mundial. E faz isso de uma forma leve e inclusive emocionante. Esse aqui, por exemplo, era o cofrinho em que Pelé, aos 11 anos, guardou os quatro cruzeiros e cinquenta centavos que recebeu de Landão Mandioca para defender o time de Vila Falcão em um campeonato de pés descalços, em Bauru. Pouco fofo?

O espaço tem vários andares de mezaninos, cada qual dedicado à atuação de Pelé em uma Copa. Também há um espaço com exposições temporárias. Quando passei por lá, era de uma série do "Pelé Beijoqueiro". A partir da foto em que Pelé beijava Muhammad Ali, foram feitas incontáveis montagens transformadas em arte de rua: dele abraçando a Marta, a Mona Lisa, o Batman. Inclusive, tinha um cantinho onde você podia ser beijado pelo Rei em fotos.

Na entrada, tem também uma loja com produtos do Museu do Pelé.
13. Andar de bondinho no Centro Histórico
Uma forma segura e lúdica de circular pelo Centro Histórico de Santos é a bordo de um bondinho histórico. A Linha Turística do Bonde usa elétricos dos séculos XIX e XX, e os motorneiros e condutores vestem réplicas do uniforme original da época em que os bondes eram o principal meio de transporte na cidade.

Eu andei no bonde fechado de número 40, apelidado de "bonde camarão". De 1911, tem mecânica original escocesa e é confeccionado em cabreúva, uma madeira em extinção. Me chamaram atenção os bancos de madeira envernizados e as propagandas perto do teto, de Biotônico, brilhotina e óleo para cabelo Glostora. O bondinho recebeu reproduções de propagandas que realmente existiam quando os elétricos circularam em Santos. Mas tem outros bondinhos que fazem o trajeto, alguns abertos.

Outra coisa legal é que um guia vai indicando os pontos de interesse no centro, comentando, por exemplo, sobre as esculturas em frente à Prefeitura, mostrando o marco zero da cidade e até sugerindo onde tomar um bom café. Os bondinhos partem da Estação do Valongo — prédio vitoriano de 1867 que serviu à primeira ferrovia paulista. Fica ao lado do Museu do Pelé. Os ingressos, quando fui, eram comprados no próprio museu. Custava R$ 7 a entrada inteira e R$ 3,50 a meia, em 2025.
14. Experimentar uma Meca Santista
Meca Santista é o prato oficial da cidade de Santos. Leva o peixe grelhado com camarões, acompanhado de risoto de palmito pupunha e farofa de banana da terra. É imperdível para quem curte frutos do mar.
Em 2005, uma pesquisa realizada pela prefeitura apontou a meca — também chamada de espadarte — como o peixe mais procurado pelos turistas. O palmito pupunha e a banana também foram destacados por serem produtos muito presentes na região. Com base nisso, o chef Rodrigo Anunciato criou o prato.

Eu experimentei em um dos melhores restaurantes do centro, o Tasca do Porto, pertinho do Museu do Café. O que me surpreendeu foi o tamanho do camarão, quase maior que o peixe hehe. Achei bem farto, comi só metade. E se pedir um pastelzinho de nata de sobremesa, então, fica perfeito.
Descrevendo-se como "uma casa portuguesa, com certeza", o restaurante tem um ambiente amplo, com a parede de concreto aparente coberta com brasões de times de Portugal. No cardápio, contei também sete pratos com bacalhau. Ah, vale ficar de olho na agenda de noites de fado.
15. Ou provar o famoso pastel do Café Carioca
Pastel com puro suco de Santos eu encontrei no Café Carioca. É desses botecos que guardam um pouco da identidade e da história da cidade e continua sendo um point, mais de 70 anos depois da sua fundação.

Fica na esquina do belíssimo Palácio José Bonifácio, a Prefeitura Municipal de Santos, na Praça Mauá. O cardápio fica exposto na parede em um quadro com letrinhas de encaixe colocadas manualmente, e a gente cansa só de ver os cozinheiros trabalhando freneticamente ao redor do panelão de óleo na cozinha. Dá para pedir um café — ou uma cervejinha — no balcão mesmo, ou escolher uma mesinha com toalha xadrez. Tem também mesinhas na calçada — as mais disputadas em dias bonitos.

O Carioca tem um expositor com pastéis já preparados, mas também dá para pedir um frito na hora. Peguei o de carne e adorei: sequinho, bem servido, um molho discreto mas gostoso. Ah, os sanduíches de pernil e rosbife também são famosos.
Outra curiosidade é que o local testemunhou algumas decisões da política de Santos: vereadores e prefeitos se reuniam nas mesinhas para discutir ideias. E pelo menos cinco presidentes também passaram por lá: Getúlio Vargas, Eurico Gaspar Dutra, João Goulart e Lula.
16. Conhecer a casa do Santos Futebol Clube
Você pode conhecer os bastidores do estádio que revelou Pelé e Neymar. A Vila Belmiro tem um tour guiado que leva aos vestiários, à sala de imprensa, ao túnel de acesso ao campo e até à beira do gramado. Dá para tirar uma foto assim, sentado no banco de reservas.

Conhecer o vestiário acho que foi a minha parte favorita. Tem fotos dos jogadores nos bancos correspondentes e, bem no centro, fica a foto do Pelé.
Os ingressos podem ser adquiridos diretamente na bilheteria do Memorial. Quando há partidas na Vila Belmiro, os horários de visitação são reduzidos. Por lá, também dá para ver as macas, o espaço de fisioterapia e ofurôs grandões.
A gente percorre as escadarias que os jogadores usam para chegar ao campo, mas uma faixa amarela delimita até onde é possível caminhar — não pisamos no gramado do campo. É um passeio curtinho, meia hora, aproximadamente, e admito que imaginava o estádio maior hehe.
Mas depois você pode ficar o tempo que quiser no Memorial das Conquistas, um museu com os troféus do clube, camisetas de jogadores icônicos, chuteiras assinadas e mais um monte de curiosidades históricas. Saindo do estádio, é impossível não passar pela loja do Santos. Dica: dá para customizar a camisa com seu nome.

O que fazer na região
17. Conhecer as atrações de São Vicente
A cidade de São Vicente é basicamente a continuação de Santos — dá até para atravessar a divisa entre as duas sem perceber. A vizinha próxima também tem uma mistura boa de praia e natureza.
Um clássico é subir o Morro do Voturuá, de onde se tem uma vista panorâmica de ambas as cidades e do mar. Dá para ir de carro, mas a forma mais lúdica é fazer essa subida de teleférico aberto, que sai da praia do Itararé e passa pertinho da copa das árvores.
Para quem se interessa por arquitetura e história, tem a Casa Martim Afonso, a Igreja Matriz de São Vicente Mártir, o Marco Padrão e a Biquinha de Anchieta, uma fonte tradicional ligada à fundação da cidade. A Ponte Pênsil, que liga a ilha ao continente, é outro símbolo.
São Vicente também tem praia: Itararé é a mais extensa e possui boa estrutura de quiosques; já Gonzaguinha é uma das preferidas para caminhadas; e há ainda a Praia dos Milionários, com seu mar tranquilo e bom visual para fotos. Mas, porém, todavia, as praias da cidade também sofrem com a poluição: confira o relatório atualizado neste link. Costuma ter mais pontos balneáveis em Praia Grande.

Se você quer algo mais preservado, a Praia de Itaquitanduva é uma ótima opção, acessível por uma trilha de cerca de 40 minutos dentro do Parque Estadual Xixová-Japuí, que também oferece trilhas e mirantes naturais.
Também vale almoçar com bela vista na Ilha Porchat, mais especificamente no Restaurante e Choperia Terraço. Embora seja uma ilha, o acesso é por estrada mesmo, de carro. Logo ao lado, o Memorial dos 500 Anos oferece uma visão da orla e dos arredores — mas preciso alertar que estava degradadíssimo quando visitei.
18. Visitar as praias de Guarujá
A 20 km de distância e uma travessia de balsa, Guarujá tem praias para todos os perfis de público, desde quem deseja um shopping à beira-mar até quem está disposto a enfrentar uma trilha de meia hora para chegar à vila de pescadores mais roots.
A Praia do Goés, por exemplo, fica na ponta oeste de Guarujá, na boca do estuário do porto de Santos. É povoada por uma pequena colônia de pescadores, e tem apenas 250 metros. Fica a 9 km do centro e o acesso mais fácil se dá justamente por barco, saindo da Ponta da Praia de Santos.
Dirigindo em direção ao leste/norte da cidade, você ainda encontra praias preservadas e cercadas de vegetação que destoam do cenário encontrado em Praia Grande, São Vicente ou Santos. Seguem alguns exemplos:

- Praia de Iporanga (foto): Tem uma cachoeira à beira-mar. É uma das praias mais tranquilas e seguras. O acesso é por um condomínio, com vagas limitadas.
- Praia das Conchas: Acesso controlado, através do mesmo condomínio da Iporanga. Só que é uma baía menor, com 200 m e mar geralmente calmo.
- Praia Branca: É a mais raiz do Guarujá, acessada por trilha de quase meia hora. Fica junto a uma vila com chão de areia, cercada pela mata, mas tem lanchonetes e campings.
- Praia Preta: Fica ao sul da Praia Branca. Ganhou esse nome por ter muitas rochas escuras que contrastam com a areia fofa e clara da vizinha. Não tem estrutura.
Você lê todos os detalhes sobre elas no post Praias de Guarujá, e também temos um post explicando direitinho como funciona a balsa de Santos a Guarujá.
Jéssica Weber
Jornalista apaixonada por mato e praia, interessada na história dos lugares, na arquitetura das cidades e em comida, é claro.