Jéssica Weber Jornalista apaixonada por mato e praia, interessada na história dos lugares, na arquitetura das cidades e em comida, é claro.

Cataratas da Argentina

As Cataratas da Argentina merecem um dia da sua viagem a Foz do Iguaçu, para que a experiência seja completa. A atração tem lindas trilhas e possibilidade de admirar a Garganta do Diabo de cima. 

O povo se acostumou a chamar de Cataratas da Argentina, mas, na verdade, são as mesmas Cataratas do Iguaçu que a gente baba aqui no Brasil. A gente divide a maravilha da natureza com os hermanos, pois fica exatamente na fronteira entre os dois países. Do lado de cá, há o Parque Nacional do Iguaçú (leia tudo sobre ele neste link), e, do lado de lá, o Parque Nacional Iguazú, ambas unidades de conservação abertas à visitação. 

Cataratas Argentinas

Além da língua falada, o que muda é a estrutura dos dois parques, o formato das trilhas e o ângulo com que enxergamos as quedas d'água. Os dois lados contam com passeios de barco também, e o do lado argentino é ainda mais emocionante. Descrevo tudinho mais abaixo.

Todo mundo diz que são passeios complementares, e é verdade, eu não me arrependo de ter dedicado um dia para cada um. O lado brasileiro é o melhor para obter uma visão panorâmica das cataratas, mas é do lado argentino que você verá de perto a maior das quedas.

Mas se você precisar optar, vá no brasileiro. Além de ser mais em conta e mais fácil de acessar, a estrutura é melhor e a vista, na minha humilde opinião, ainda mais incrível. 

Cataratas Argentinas

Cataratas da Argentina: como é o parque

Com mais de 275 quedas d'água, as Cataratas do Iguaçu são uma das sete maravilhas naturais do mundo. E o Parque Nacional do Iguazú foi criado em 1934 para preservar as cataratas e a Mata Atlântica que as rodeiam. É uma unidade de conservação gerenciada pelo governo argentino, no município de Puerto Iguazú — mais abaixo, a gente explica direitinho como chegar. 

A gente tinha ouvido críticas à estrutura do parque, mas, nessa visita de 2024, achou ele bem equipado, com boa acessibilidade e vários banheiros, além de charmoso. Os turistas ficam o tempo todo cercado por verde, é revigorante. Mas se prepare para cansar: tudo por ali envolve caminhada, e há mais opções de trilhas com vista para as cataratas do que no lado brasileiro. 

Cataratas Argentinas

Há lanchonetes distribuídas pelo parque, com empanadas, salgadinhos, chocolates, picolés, bebidas, entre outros produtos. Os visitantes também podem almoçar no "patio de comidas" (praça de alimentação), onde fica o Restaurante Fortín. 

Situa-se perto dos acessos para os circuitos inferior e superior e a 50 metros da estação central do Jungle - Gran Aventura. O restaurante principal tem como diferencial sua parrilla, mas no Bar Fortín tem opções de fast food e no Jaguar House, buffet a quilo. 

É importante chegar ao Parque Nacional Iguazú ainda pela manhã, para dar tempo de fazer as principais trilhas. Esse mapa aqui está espalhada por várias placas ao redor do parque, vale dedicar uns minutos a ele para decidir o que quer fazer. Você pode vê-lo ampliado neste link

Cataratas Argentinas

As principais atrações são:

  • Circuito Garganta del Diablo 
  • Circuito superior
  • Circuito inferior
  • Gran Aventura - passeio de barco da Jungle

O que você não pode perder por nada é o Circuito Garganta del Diablo. Ele te leva exatamente em cima da Garganta do Diabo, que é o principal cartão-postal das Cataratas do Iguaçu. Eu recomendo fazer no mesmo dia o Circuito Superior, e, se você tiver disposição, dá tempo de fazer o Inferior também. Ou então, o passeio de barco Gran Aventura - Jungle. 

Circuito Garganta del DiabloCataratas Argentinas

Para acessar até o começo do circuito, os visitantes pegam um trenzinho gratuito, dentro do parque mesmo. Ele parte de 30 em 30 minutos dessa estação abaixo. Eu achei o passeio uma delícia, bem lúdico também, mas sei que é um dos grandes motivos de críticas ao lado argentino das Cataratas. É que, em dias de grande movimento, pode formar filas gigantes e longa espera. Eu fui no começo de agosto, durante a semana, e estava bem tranquilo. 

Ah, atente que o último trem parte em direção à Garganta do Diabo às 15h30, retornando duas horas depois. 

O circuito tem 2,2km, a gente percorreu em uma hora, mas o tempo estimado nas placas é de uma hora e meia. Claro que o tempo varia conforme o seu ritmo e também com a quantidade de gente que tem ocupando as passarelas. E tem ainda o tempo para chegar até a trilha, de trenzinho.

A caminhada se dá praticamente todo em passarelas de metal sobre braços do extenso Rio Iguaçu, o que deixa o percurso inteiro bonito. Chega a ser engraçado imaginar como um rio tão manso, extenso e calmo desemboca em quedas d'água tão violentas. 

Cataratas Argentinas

Você pode ver peixes debaixo das passarelas e observar aves diferentes também, tipo essas gralhas-de-crista-negra. Também tem refúgios com bancos para descansar e curtir a vista. 

Cataratas Argentinas

Mas a parte que o coração acelera é ao avistar o "buraco" da Garganta do Diabo. Tem um mirante relativamente espaçoso ao final das passarelas, com uma bandeira da Argentina. Você pode ficar o tempo todo por ali, admirando a força da natureza. 

Cheguei a ter vertigem vendo esse volume absurdo de água despencando tão perto de mim. E era impossível de enxergar o fim das quedas, ficava embaixo de uma névoa de respingos, que também chegam na gente lá em cima (tem gente que usa capa de chuva, mas eu não achei que precisava). Dá para enxergar um pedacinho das passarelas brasileiras e o elevador do Parque Nacional do Iguaçu, do outro lado das cataratas. 

Cataratas Argentinas

A gente deu sorte porque tinham recém consertado parte da passarela, levada em uma cheia. O circuito é acessível, e, para fazê-lo com quem tem dificuldade de locomoção, dá para pegar emprestadas cadeiras como essa abaixo no parque, gratuitamente. Me impressionou a quantidade de pais com carrinhos de bebê nas passarelas também.

Circuito Superior

O Circuito Superior do Parque Nacional Iguazú é uma trilha que passa por cima de uma série de saltos, que é como chamam as quedas d'água. Percorre 1.850 metros, boa parte, também, em passarelas de metal. Também é acessível a cadeirantes. 

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Nessa trilha, a gente encontra o Salto Dos Hermanas, o Salto Chico, o Salto Ramírez, o Salto Bosetti, o Salto Eva, o Salto Adán, o Salto Guardaparque Bernabé Méndez, e o Salto Mbiguá.

As vistas são lindíssimas, e a gente passa tanto sobre trechos do Rio Iguaçu quanto por áreas cercadas por vegetação. A gente fez ela rapidão, em 45 minutos, mas o ideal é reservar no mínimo uma hora, melhor se for uma hora e meia, para parar e admirar bem cada cachoeira.

Foi nesse circuito que eu flagrei o tucano sobre uma árvore, na foto que abre esse post. Vi outros dois lindos tucanos e um quati também. A trilha fecha às 16h45min. 

Circuito Inferior

O Circuito Inferior tem 1.750 metros e duração média de uma hora e meia (mas minha amiga percorreu em uma hora apenas). Só atente que, diferente das duas trilhas anteriores, essa não é totalmente acessível, apenas 70%. 

A gente avista menos quedas d'água do que no Inferior, mas ainda assim é uma trilha bonita.  A gente avista os seguintes saltos: Lanusse, Alvar Nuñez, Chico e Dos Hermanas. Essa trilha também fecha às 16h45min. 

Sendero Macuco

Quem tem ainda mais disposição, pode investir em uma quarta trilha, bem mais longa. A Trilha Macuco termina na Cachoeira Arrechea, uma queda d'água de 23 metros com poço natural de águas transparentes.

O Sendero Macuco tem 7 quilômetros e duração média de 180 minutos. Não é acessível. Essa trilha não pode ser iniciada depois das 15h.

Gran Aventura - Passeio de barco do lado argentino das Cataratas

Uma das atrações mais conhecidas do lado argentino das Cataratas é o passeio de barco oferecido pela empresa Jungle, chamado Gran Aventura. Incluindo o transporte até o rio e o retorno, ele tem duração de aproximadamente 2h30min. 

Cataratas ArgentinasEm um primeiro momento, a gente faz uma viagenzinha de jardineira em meio a Mata Atlântica, ouvindo curiosidades sobre o parque.

Então chegamos a uma escadaria de 300 metros. Nada absurdo de subir/descer, mas é por causa dessas escadas que o passeio argentino tem mais limitações de público — não aceita crianças com menos de 12 anos ou pessoas com dificuldade de locomoção, por exemplo.

Eles emprestam sacolas a prova d’água, não precisa nem alugar um armário. Ah, já vale levar uma toalha junto para se secar no trecho de volta do barco, especialmente se estiver fazendo frio no dia.

Cataratas Argentinas

O passeio ocorre no mesmo trecho do Rio Iguaçu que o Macuco Safari (o passeio de barco do lado brasileiro), e tem a mesma vista também, por isso não vale a pena fazer os dois. Mas se os barcos brasileiros só vão embaixo de uma queda d'água (Salto Mosqueteiro), os argentinos vão nesse e também no San Martin, que é ainda mais lindo e apavorante. Vocês nem imaginam o que eu berrei quando o barco acelerou em direção àquela cachoeira.

Cataratas Argentinas

Muita gente vai de capa, mas ela não te impede de se molhar, não, então é uma boa levar uma roupa extra. Tem gente que tem medo do passeio de barco argentino porque aconteceu um acidente com mortes em 2011. Não posso dizer que eu fiquei tranquila o tempo todo, mas pelo que eu pude ver eles tem respeitado regras de segurança. 

O passeio ali custou 70 mil pesos argentinos, que deu 340 reais. Fora a entrada no parque. 

Cataratas Argentinas

Ingresso para as Cataratas da Argentina

O ingresso pode ser comprado pela internet ou presencialmente, na bilheteria do local, em pesos argentinos ou cartão de crédito/débito.

Em agosto de 2024, custava 35 mil pesos argentinos, o que saiu R$ 170 no meu cartão de débito internacional Nomad, que tem IOF muito mais vantajoso do que o cartão de crédito. 

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Como Chegar ao Parque Nacional Iguazú, na Argentina

O parque argentino fica a menos de 30 km do Centro de Foz do Iguaçu, mas é possível que demore por causa pela necessidade de passar pelas catracas de imigração na fronteira, que ocorre no carro mesmo, em um formato de pedágio. 

Cataratas Argentinas

Uma forma cômoda e em conta se você estiver viajando sozinho ou com mais uma pessoa é ir em ônibus de excursão, tipo esse daqui oferecido na Civitatis, que busca e leva no hotel. Também dá para agendar com um taxista ou motorista de Uber que faz o trecho por fora (o aplicativo não permite que você coloque outro país como destino). Mas vou adiantar que é caro, orçamos por valores a partir de R$ 300. Contando ida e volta, claro. 

O acesso também pode ser feito de carro, mas é necessário ter a Carta Verde, seguro para transitar pelo Mercosul, e, caso você estiver com carro alugado, certifique-se que a agência autoriza a ida à Argentina. 

Atente que para atravessar a fronteira com a Argentina será necessário passar pelas autoridades de imigração, apresentando RG com no máximo 10 anos ou passaporte. 

Para quem prefere a alternativa mais econômica, que são os ônibus, será necessário dividir o trajeto em duas simples etapas: primeiro pegando um ônibus do centro de Foz do Iguaçu até Puerto Iguazú e em seguida o ônibus de Puerto Iguazú até as Cataratas Argentinas. 

Em Foz do Iguaçu, há pelo menos três empresas diferentes que realizam o trajeto até Puerto Iguazú — seus trajetos incluem o centro da cidade, passando por áreas como o TTU (Terminal de Transporte Urbano) e a Av. JK. Esse arquivo da prefeitura de Foz do Iguaçu mostra mais detalhes sobre empresas e horários dos ônibus, incluindo horários de Puerto Iguazú ao parque das cataratas. 

Dicas para visitar o Parque Nacional de Iguazú

  • O parque abre todos os dias, das 8 às 18h, sendo que as entradas são permitidas até 16:30h.
  • Se der sorte de viajar durante a lua cheia, consulte a programação do parque para as visitas noturnas que ocorrem nessa época. 
  • Não alimente os quatis do parque e tome cuidado com sua comida quando eles estiverem por perto. Os quatis são animais selvagens que não devem ser alimentados! 
  • Vista calçados confortáveis, pois você deve caminhar muito. E não esqueça do boné e protetor solar. 

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Cataratas da Argentina

Puerto Iguazú, Argentina
http://www.iguazuargentina.com/