Cataratas da Argentina
As Cataratas da Argentina merecem um dia da sua viagem a Foz, para que a experiência seja completa. A atração tem lindas trilhas e proporciona a oportunidade de admirar a Garganta do Diabo de cima.
O povo se acostumou a chamar de Cataratas da Argentina, mas na verdade são as mesmas Cataratas do Iguaçu que a gente baba aqui em Foz do Iguaçu. Dividimos a maravilha da natureza com os hermanos, pois fica exatamente na fronteira entre os dois países. Do lado de cá, há o Parque Nacional do Iguaçu (leia tudo sobre ele no link) e, do lado de lá, o Parque Nacional Iguazú, ambas unidades de conservação abertas à visitação.
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Além da língua falada, o que muda é a estrutura do parque, o formato das trilhas e o ângulo que enxergamos as quedas d'água. Os dois lados contam com passeios de barco, sendo que o argentino é ainda mais emocionante. Descrevo tudinho mais abaixo.
Todo mundo diz que são passeios complementares, e é verdade, não me arrependo de ter dedicado um dia a cada um. O lado brasileiro é o melhor para se conseguir uma visão panorâmica das cataratas, mas é do lado argentino que você verá de perto a maioria das quedas.
Mas se tiver que optar, vá no brasileiro. Além de ser mais em conta e mais fácil de acessar, a estrutura é melhor, e a vista, na minha humilde opinião, ainda mais incrível.
Cataratas da Argentina: como é o parque
Com mais de 275 quedas d'água, as Cataratas do Iguaçu são uma das sete maravilhas naturais do mundo. E o Parque Nacional do Iguazú foi criado em 1934 para preservar as cataratas e a Mata Atlântica que as rodeiam. É uma unidade de conservação gerenciada pelo governo argentino, no município de Puerto Iguazú — mais abaixo explicamos direitinho como chegar.
Tínhamos ouvido críticas à estrutura do parque, mas, nessa visita de 2024, o achamos bem equipado, com boa acessibilidade e vários banheiros. Os turistas ficam o tempo todo cercados por verde, é revigorante. Mas se prepare para cansar: tudo por ali envolve caminhada e há mais opções de trilhas com vista para as cataratas do que no lado brasileiro.
Há lanchonetes distribuídas pelo parque, com empanadas, salgadinhos, chocolates, picolés, bebidas, entre outros produtos. Os visitantes também podem almoçar no "patio de comidas" (praça de alimentação), onde fica o Restaurante Fortín.
Situa-se perto dos acessos para os circuitos inferior e superior e a 50 metros da estação central do Jungle - Gran Aventura. O restaurante principal tem como diferencial sua parrilla, enquanto no Bar Fortín há opções de fast food e, no Jaguar House, buffet a quilo.
É importante chegar ao Parque Nacional Iguazú ainda pela manhã, para dar tempo de fazer as principais trilhas. Esse mapa aqui está espalhado por várias placas ao redor do parque. Vale dedicar uns minutos a ele para decidir o que quer fazer. Você pode vê-lo ampliado neste link.
As principais atrações são:
- Circuito Garganta del Diablo
- Circuito Superior
- Circuito Inferior
- Gran Aventura - passeio de barco da Jungle
- Sendero Macuco
O que você não pode perder por nada é o Circuito Garganta del Diablo. Ele o leva exatamente em cima da Garganta do Diabo, que é o principal cartão-postal das Cataratas do Iguaçu. Recomendo fazer o Circuito Superior no mesmo dia e, se tiver disposição, ainda dá tempo de fazer o Inferior também, ou, então, o passeio de barco Gran Aventura - Jungle.
Circuito Garganta del Diablo
Para ir até o começo do circuito, os visitantes pegam um trenzinho gratuito dentro do parque mesmo. Ele parte de 30 em 30 minutos dessa estação abaixo. Eu achei o passeio uma delícia, bem lúdico também, mas sei que é um dos grandes motivos de críticas ao lado argentino das Cataratas. É que, em dias de grande movimento, pode formar filas gigantes e uma longa espera. Fui no começo de agosto, durante a semana, e estava bem tranquilo.
Ah, observe que o último trem parte em direção à Garganta do Diabo às 15h30, retornando duas horas depois.
Percorremos o circuito de 2,2 km em cerca de uma hora, mas o tempo estimado nas placas é de uma hora e meia. Claro que o tempo varia conforme o seu ritmo e a lotação das passarelas. E há ainda o tempo para chegar até a trilha, de trenzinho.
A caminhada acontece praticamente toda em passarelas de metal sobre braços do extenso Rio Iguaçu, o que deixa o percurso muito bonito. Chega a ser engraçado imaginar como um rio tão manso, extenso e calmo vira quedas d'água tão violentas.
Você pode ver peixes debaixo das passarelas e observar aves diferentes também, tipo essas gralhas-de-crista-negra. Também há refúgios com bancos para descansar e curtir a vista.
Mas a parte que o coração acelera é ao avistar o "buraco" da Garganta do Diabo. Há um mirante relativamente espaçoso ao final das passarelas, com uma bandeira da Argentina. Você pode ficar o tempo todo por ali, admirando a força da natureza.
Cheguei a ter vertigem vendo esse volume absurdo de água despencando tão perto de mim. E era impossível enxergar o fim das quedas, embaixo de uma névoa de respingos, que também chegam na gente lá em cima (tem gente que usa capa de chuva, mas quando fui, não achei necessário). É possível ver um pedacinho das passarelas brasileiras e o elevador do Parque Nacional do Iguaçu, do outro lado das cataratas.
A gente deu sorte porque tinham recém consertado parte da passarela que tinha sido levada em uma cheia. O circuito é acessível e, para percorrê-lo com quem tem dificuldade de locomoção, dá para pegar gratuitamente cadeiras como essa abaixo no parque. Fiquei impressionada com a quantidade de pais com carrinhos de bebê nas passarelas também.
Circuito Superior
O Circuito Superior do Parque Nacional Iguazú é uma trilha que passa por cima de uma série de saltos, que é como chamam as quedas d'água. Percorre 1.850 metros, boa parte em passarelas de metal. Também é acessível a cadeirantes.
Nessa trilha encontramos os seguintes saltos: Dos Hermanas, Chico, Ramírez, Bosetti, Eva, Adán, Guardaparque Bernabé Méndez e Mbiguá.
As vistas são lindíssimas, e a gente passa tanto sobre trechos do Rio Iguaçu quanto por áreas cercadas por vegetação. Finalizamos rapidão, em 45 minutos, mas o ideal é reservar no mínimo uma hora, e melhor se for uma hora e meia, para parar e admirar bem cada cachoeira.
Foi nesse circuito que flagrei o tucano sobre uma árvore, na foto que abre esse post. Vi mais dois lindos tucanos e um quati. A trilha fecha às 16h45.
Circuito Inferior
O Circuito Inferior tem 1.750 metros e duração média de uma hora e meia, mas minha amiga percorreu em uma hora apenas. Só atente que, diferentemente das duas trilhas anteriores, essa não é totalmente acessível, apenas 70%.
A gente avista menos quedas d'água do que no Inferior, mas ainda assim é uma trilha bonita. Avistamos os seguintes saltos: Lanusse, Alvar Nuñez, Chico e Dos Hermanas. Essa trilha também fecha às 16h45.
Sendero Macuco
Quem tem ainda mais disposição, pode investir em uma quarta trilha, bem mais longa. A Trilha Macuco termina na Cachoeira Arrechea, uma queda d'água de 23 metros com poço natural de águas transparentes.
O Sendero Macuco tem 7 quilômetros e duração média de 180 minutos. Não é acessível e não pode ser iniciada depois das 15h.
Gran Aventura — Passeio de barco do lado argentino das Cataratas
Uma das atrações mais conhecidas do lado argentino das Cataratas é o passeio de barco Gran Aventura, oferecido pela empresa Jungle. Incluindo o transporte até o rio e o retorno, ele tem duração de aproximadamente 2h30.
Em um primeiro momento, faz-se uma viagenzinha de jardineira em meio a Mata Atlântica ouvindo curiosidades sobre o parque.
Chega-se, então, a uma escadaria de 300 metros. Nada absurdo de subir e descer, mas é por causa dessas escadas que o passeio argentino tem mais limitações de público e não aceita crianças com menos de 12 anos ou pessoas com dificuldade de locomoção.
Eles emprestam sacos à prova d’água, então nem é preciso alugar um armário. Ah, e vale a pena levar uma toalha para se secar no trecho de volta do barco, especialmente se estiver fazendo frio no dia.
O passeio ocorre no mesmo trecho do Rio Iguaçu que o Macuco Safari (o passeio de barco do lado brasileiro) e tem a mesma vista também, por isso não vale a pena fazer os dois. Mas se os barcos brasileiros só vão embaixo de uma queda d'água (Salto Mosqueteiro), os argentinos vão nesse e também no San Martin, que é ainda mais lindo e apavorante — vocês nem imaginam o que eu berrei quando o barco acelerou em direção àquela cachoeira.
Muita gente vai de capa, mas ela não impede de se molhar, então é uma boa levar uma roupa extra. Tem gente que tem medo do passeio de barco argentino porque aconteceu um acidente com mortes em 2011. Não posso dizer que eu fiquei tranquila o tempo todo, mas pelo que pude ver eles têm respeitado as regras de segurança.
O passeio ali custou 70 mil pesos argentinos em 2024, o que deu 340 reais, fora a entrada no parque.
Ingresso para as Cataratas da Argentina
O ingresso pode ser comprado pela internet ou presencialmente na bilheteria do local, em pesos argentinos ou com cartão de crédito e débito.
Em agosto de 2024, custava 35 mil pesos argentinos, o que saiu por R$ 170 no meu cartão de débito internacional Nomad, que tem IOF muito mais vantajoso do que o cartão de crédito.
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Como Chegar ao Parque Nacional Iguazú, na Argentina
O parque argentino fica a menos de 30 km do Centro de Foz do Iguaçu, mas é possível que demore devido à necessidade de passar pelas catracas de imigração na fronteira, o que acontece no carro mesmo, em um formato de pedágio. Todos os passageiros precisam apresentar RG ou passaporte.
Uma forma cômoda e em conta se você estiver viajando sozinho ou com mais uma pessoa, é ir de ônibus de excursão, tipo esse daqui oferecido na Civitatis, que busca e leva no hotel. Também dá para agendar com um taxista ou motorista de Uber que faz o trecho por fora (o aplicativo não permite que você coloque outro país como destino). Mas vou adiantar que é caro: orçamos valores a partir de R$ 300, contando ida e volta.
O acesso também pode ser feito de carro, mas é necessário ter a Carta Verde, seguro para transitar pelo Mercosul e, caso você esteja com carro alugado, certifique-se de que a agência autoriza a ida à Argentina.
Atente-se ao fato de que, para atravessar a fronteira com a Argentina, será necessário passar pelas autoridades de imigração, apresentando RG com no máximo 10 anos de emissão ou passaporte.
Para quem prefere a alternativa mais econômica, que são os ônibus, será necessário dividir o trajeto em duas simples etapas: primeiro, pegando um ônibus do Centro de Foz do Iguaçu até Puerto Iguazú e, em seguida, o ônibus de Puerto Iguazú até as Cataratas Argentinas.
Em Foz do Iguaçu, há pelo menos três empresas diferentes que realizam o trajeto até Puerto Iguazú. Os trajetos incluem o Centro da cidade, passando por áreas como o TTU (Terminal de Transporte Urbano) e a Av. JK. Este arquivo da prefeitura de Foz do Iguaçu mostra mais detalhes sobre as empresas e os horários dos ônibus.
Dicas para visitar o Parque Nacional de Iguazú
- O parque abre todos os dias, das 8h às 18h, com entradas até as 16h30.
- Se der sorte de viajar durante a lua cheia, consulte a programação do parque para as visitas noturnas que ocorrem nessa época.
- Não alimente os quatis do parque e tome cuidado com sua comida quando eles estiverem por perto.
- Use calçados confortáveis, pois você deve caminhar muito. E não esqueça de boné e protetor solar.