Mercado Público de Porto Alegre
Misturando cores, sabores, cheiros e culturas, o Mercado Público de Porto Alegre é um dos lugares mais interessantes do Centro Histórico. Localizado ao lado do Paço Municipal, no Largo Glênio Peres, conta com bancas de alimentos, artefatos religiosos, artesanato e souvenir e também bons restaurantes, incluindo o mais antigo da cidade (leia mais abaixo).
O Mercado Público já existe há mais de 150 anos, passou por três incêndios e enchentes memoráveis — uma placa de prata em uma das quatro portas mostra a altura em que a água já chegou. Todavia, segue de pé, para a felicidade dos moradores que lotam o espaço para garantir produtos frescos e selecionados.
O cheiro do Mercado Público é uma das coisas mais particulares para mim. Tende a mudar um pouco: da última vez, senti cheiro de café e pastel frito na hora. Mas as notas de peixe são uma constante, mais especificamente de bacalhau.
Caminhando pelos corredores, você deve ser interpelado pelos vendedores que tentam chamar sua atenção: "fala amigo", "à disposição", "amigooou", "bom dia, a dispor". Algumas iguarias valem a pena provar; outras, vá com cuidado. Tem uma barraca de pimenta que já me fez, literalmente, chorar.
Tem banca especializada em cachaça, em frios, e ainda outra que vende diversas misturas de erva-mate para o chimarrão. Eu já comprei uma que leva o nome do ator Thiago Lacerda; o dono jura de pé junto que o global já tomava aquela.
A Banca 40 é conhecida por quem gosta de sorvete, e foi frequentada até por Bob Dylan quando este veio a Porto Alegre em 1991. Ele visitou o espaço com o escritor e historiador Eduardo Bueno e provou a Bomba Royal, sobremesa que leva frutas e nata batida cobertas por três sabores de sorvete:
Na encruzilhada que forma os quatro corredores principais, está o Bará do Mercado. Naquele mosaico de pedras e bronze, seguidores de religiões de matriz africana acreditam que há uma energia protegendo o Mercado Público desde sua construção.
O Bará é, para as religiões de matriz africana, o orixá que tem o poder de abrir caminhos. Ele foi parar ali após ser assentado, ou seja, fixado em algum objeto por meio de rituais. Esse "ocutá" — que pode ser uma pedra, pedaço de madeira, metal ou mesmo um punhado de terra — estaria enterrado sob o prédio de 151 anos. Uma das versões sobre quem fez o assentamento dá conta de que foram os escravos que construíram o Mercado Público.
Mas um alerta para você regular as expectativas: o Mercado Público, definitivamente, não é um lugar chique. Inclusive não me surpreenderá se você achar quente, barulhento e até um pouco sujo, pois não foi concebido para ser um ponto turístico. Mas vale a visita se você quiser sentir um pouco mais do que é Porto Alegre.
Restaurantes no Mercado Público de Porto Alegre
Se ir ao Mercado Público pode transportá-lo ao passado, entrar no Gambrinus dá direito a assento VIP da viagem no tempo. O restaurante mais antigo de Porto Alegre tem espalhadas por todos os cantos evidências dos seu mais de 130 anos.
Ele mescla na decoração elementos de madeira com azulejos em estilo português e vários objetos antigos da casa, tipo as antigas válvulas e bombas de chope. Até a década de 1980, para extrair a bebida, os garçons batiam a rolha do barril e inseriam a válvula, o mais rápido possível para o líquido não jorrar, e depois bombeavam a peça para transferir a bebida para o copo. Também exibe fotografia ampliada do Mercado Público por volta do ano 1900. O registro mostra às novas gerações de frequentadores como era o prédio histórico na sua origem, com apenas um andar e o Guaíba quase batendo à porta. Se você for lá, não deixe de experimentar o bolinho de bacalhau!
O segundo mais antigo da cidade está ali também. O Naval é um restaurante criado em 1907, que já foi administrado por italianos, alemães e, atualmente, descendentes de portugueses, o que explica o cardápio cheio de pratos com bacalhau. No carro-chefe atual, que leva o nome da casa, o peixe se junta a polvo, camarões, champignon, batata, pimentão e azeite em uma pequena montanha de felicidade. Após uma reforma recente, o Naval perdeu os ares de boteco e ganhou sofisticação. Mas ficaram destacados detalhes originais do lugar, como o teto de cimento e os primeiros azulejos, lá da época em que estava sob direção dos italianos. Mas o chope bem tirado do Naval continua animando o happy hour no Mercado.
O Sushi Senhinha é nossa recomendação de comida oriental do Mercado Público; e o Café do Mercado, para quem desejar tomar uma boa xícara e levar uns grãos moídos na hora para casa. Não deixe de subir ao segundo andar, que é quase todo reservado a restaurantes também.
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Mercado Público de Porto Alegre
Largo Jornalista Glênio PéresCentro Histórico
Porto Alegre