O que fazer em Porto Alegre
Dá para curtir bem Porto Alegre em um final de semana, mas seria necessário ficar mais tempo para conhecer todas as atrações. Neste post, a gente indica passeios de 1, 2, 3 e até 4 dias na capital dos gaúchos. Fique à vontade para adequar os roteiros ao seu gosto e também às condições climáticas que você encontrar — veja a melhor época para viajar à cidade.
Ao final do post, você encontra as matérias de todas as atrações.
Passeio de 1 dia em Porto Alegre
Se você tem só um dia em Porto Alegre, aposto que vai ficar com gostinho de quero mais. Mas já vai ser possível conhecer algumas das atrações mais bacanas, especialmente se for abençoado com tempo bom.
Para acordar, comece tomando um bom café no Bom Fim ou na Cidade Baixa. Uma sugestão é o Café da República, que tem vários métodos de preparo diferente. Depois, caminhe até a Redenção, o pulmão da região central de Porto Alegre. Faça um pouco de fotossíntese nesse parque, que tem a cara da cidade. No final de semana, acontece uma feira ao ar livre na Rua José Bonifácio, com comida, artesanato, antiguidades, acessórios e vários artistas de rua.
Quando chega no horário do almoço, é difícil resistir ao cheiro de churrasco. Se você for num espeto corrido (como a gente chama rodízio por aqui), eu recomendo colocar uma calça bem folgada. Da Redenção, dá para ir a pé até a Giovanaz, na Avenida Venâncio Aires, um bom exemplo de churrascaria "raiz" (veja todas as nossas sugestões de onde comer em Porto Alegre).
Depois, pegue o carro (ou Uber, ou táxi) e vá até a Casa de Cultura Mario Quintana, no Centro Histórico. Confira as exposições espalhadas pelos sete andares desse elegante hotel do século XX, que foi transformado em centro cultural (a entrada é gratuita).
Não deixe de passar pelo segundo piso, onde há a reprodução do quarto onde viveu por 12 anos Mario Quintana (o meu poeta favorito do mundo), e pelo terraço do quinto andar, onde tem o Jardim Lutzenberger. Serve como uma amostra de ambientes botânicos representativos de desertos, pradarias, ambientes tropicais e mesmo de banhados, dentro de banheiras velhas, demonstrando que mesmo áreas urbanas podem abrigar ampla gama de espécies.
Depois de tirar umas fotos lindas na Travessa dos Cataventos (esse é o nome da ruazinha que cruza a Casa de Cultura), caminhe um pouco pela Rua dos Andradas, ou Rua da Praia, como todo mundo a chama por ali. Dê uma olhada nas livrarias, nas lojinhas, e não deixe de subir as escadarias da Igreja das Dores, que começou a ser construída há mais de 200 anos. É um dos prédios mais antigos e lindos de Porto Alegre.
As torres remetem à arquitetura gótica, sobre um corpo em estilo colonial português. A fachada de elementos ecléticos apresenta nichos e estátuas que representam a fé, a esperança e a caridade, esculpidas e fundidas por João Vicente Friedrichs. Lá dentro, a capela-mor tem 14 metros de altura e data de 1813.
Com apenas 10 minutinhos de caminhada, você chega à Usina do Gasômetro, com sua icônica chaminé de 101 metros, e à orla do Guaíba, que ganhou um parque urbano e virou o grande cartão de visitas de Porto Alegre. Ali você pode caminhar sem pressa, alugar uma bicicleta compartilhada do Bike Itau ou até fazer um passeio em um dos barcos que partem do atracadouro. É possível se informar sobre os horários e valores nos sites das empresas: Noiva do Caí, Porto Alegre 10 e Cisne Branco (repare que esse último também tem saídas do Cais Mauá).
Só não perca a hora para apreciar o espetáculo que o porto-alegrense mais se orgulha: o pôr do sol no Guaíba. Você pode assisti-lo dali da orla (a revitalização desse lugar incluiu até arquibancadas para o pessoal assistir ao entardecer) ou então do Cais Embarcadero. E, como já deve estar dando fome, você vai gostar de saber que esse é um dos lugares mais incríveis para comer em Porto Alegre, seja nos restaurantes ambientados em um dos antigos armazéns portuários revitalizados ou na praça de alimentação aberta. Inaugurado em 2021, ele é comparado ao Puerto Madero, de Buenos Aires, e a outros cais revitalizados mundo afora.
Se você ainda tiver pique, eu recomendo ir curtir a noite no 4° Distrito. Lá tem vários bares e tap rooms de cervejarias artesanais que aliam uma decoração descolada à atmosfera industrial dessa área, que por décadas foi um distrito de fábricas praticamente abandonado.
O que fazer no 2° dia em Porto Alegre
Se você vai pousar em Porto Alegre, minha primeira dica é escolher um bom hotel na cidade. Porto Alegre pode não ser uma cidade essencialmente turística, mas em razão das viagens de negócios, tem hotéis muito bons. Eles ficam concentrados principalmente em quatro regiões: próximos ao aeroporto, no Centro Histórico, no bairro Moinhos de Vento e junto à orla do Guaíba. Veja nosso post sobre onde ficar em Porto Alegre.
Porto Alegre — as melhores opções de hospedagem!
A lista a seguir apresenta ótimas opções de hospedagem em Porto Alegre. As acomodações estão em ordem alfabética e foram escolhidas pela nossa equipe, priorizando qualidade, preço das diárias e localização. Também incluímos as notas do Booking.com, que indicam a avaliação que hóspedes anteriores tiveram da acomodação.Com o buchinho cheio de café da manhã de hotel, você vai ter energia para enfrentar um roteiro lotado de bons museus. Comece pelos da Praça da Alfândega, pode ser pelo Museu de Artes do Rio Grande do Sul (MARGS). Nesse prédio lindo, construído em 1913 para abrigar a Delegacia Fiscal, há exposições de pintura, escultura, desenho, gravura, cerâmica, arte têxtil, objeto, fotografia, além de instalações, performances, arte digital, vídeo, entre outras. A entrada é gratuita.
Ao lado, fica o Memorial do Rio Grande do Sul, ambientado no antigo prédio central dos Correios e Telégrafos, construído entre os anos de 1910 e 1914, que também recebe exposições de artes, e, alguns metros depois, o Farol Santander. Ele abriga algumas das mostras mais interessantes que vêm a Porto Alegre. Por exemplo, na última em que estive lá, estava rolando a exposição internacional digital imersiva Intangível – A Arte de Shohei Fujimoto, pela primeira vez na América Latina.
Ainda há exposições temporárias no andar superior, normalmente de telas e esculturas, e no subsolo, um acervo de moedas antigas, mostra digital que conta a história da Capital, um pequeno cinema e um café no antigo cofre do prédio, que já serviu de sede dos bancos da Província, Nacional do Comércio, Sul Brasileiro e Meridional.
Ainda no Centro Histórico, há o Paço Municipal, sede da prefeitura de Porto Alegre por mais de 100 anos. O prédio de arquitetura eclética já abrigava há mais tempo, em salas logo à esquerda de quem entra e no subsolo, a Pinacoteca Aldo Locatelli, que remonta ao período Imperial, mas recentemente os departamentos públicos foram transferidos a outro edifício e o prédio foi inteiramente transformado em museu.
Ao lado fica o Mercado Público, o que vem a calhar porque já deve ter chegado a hora do almoço. Talvez o lugar que guarde melhor a essência da cidade, o Mercado tem bancas de alimentos, cachaça, frios, banca que vende diversas misturas de erva-mate para o chimarrão, de artefatos religiosos, artesanato e souvenir, além de bons restaurantes, incluindo os dois mais antigos de Porto Alegre.
O Gambrinus tem a decoração baseada em evidências dos seu mais de 130 anos e os bolinhos de bacalhau mais famosos da região. Já o Naval é um restaurante criado em 1907 que já foi administrado por italianos, alemães e atualmente descendentes de portugueses, o que explica o cardápio cheio de pratos com bacalhau. Para a sobremesa, que tal um sorvete que já foi provado por ninguém menos do que Bob Dylan? Levaram o ídolo para experimentar a Bomba Royal da Banca 40, que leva três sabores de sorvete, frutas e nata batida.
Depois disso, eu recomendo pegar um transporte para ir até o edifício de arquitetura contemporânea mais famoso da cidade, a sede da Fundação Iberê Camargo. É um moderno prédio de quatro andares na Zona Sul, com rampas que se destacam do corpo principal, nas quais janelas de formatos variados fazem vezes de moldura para diferentes ângulos do lago Guaíba. Além de abrigar o acervo do artista plástico Iberê Camargo, falecido na capital gaúcha em 1994, a Fundação também promove grandes exposições. Mas atenção: ela só abre de quinta-feira a domingo.
Tem um café do lado de fora se você estiver precisando recarregar as energias ao final do passeio, mas dá para tomar uma água de coco na orla do Guaíba em frente ao Iberê também. Você pode tanto caminhar alguns metros em direção à Zona Sul, onde tem o parque urbano do Pontal Shopping, quanto ir em direção ao Centro, onde, em uma caminhada um pouco mais longa ou de cinco a dez minutinhos de bike compartilhada, você chega no trecho esportivo da orla, em que se localiza a maior pista de skate da América Latina. É um bom lugar para assistir ao pôr do sol também.
À noite, que tal ir ao teatro? Se tiver programação que lhe agrade, assista a uma peça no São Pedro, o teatro mais antigo da cidade, de 1858. Caminhar pelo seu tapete vermelho faz você se sentir em uma viagem ao passado.
O que fazer no 3° dia em Porto Alegre
Se você curte futebol, vale muito a pena visitar o Estádio Beira-Rio, a casa do Internacional, ou a Arena do Grêmio. Ambos têm um museu super bacana e opção de tour, onde você conhece sala de imprensa, vestiário e até o campo do estádio. Eu sou gremista, então não vou tomar partido (porque obviamente gostei mais do tour da Arena). Sugiro escolher pelo time que você tem mais afinidade.
Depois, conheça o bairro Moinhos de Vento, um dos mais chiques e arborizados de Porto Alegre. O Parcão — que oficialmente se chama Parque Moinhos de Vento — é o coração do bairro. É uma área verde bem cuidada, com lindas árvores, um laguinho e playground para a criançada. Outro lugar bacana para passear e tirar lindas fotos é o Jardim do Dmae.
O Moinhos, como chamamos carinhosamente, também é um bom lugar para fazer compras e tem excelentes restaurantes, portanto o lugar perfeito para estar no horário do almoço. De sobremesa, cai bem um sorvete na Gianluca Zaffari, ou pegue um copo de café na William & Sons para continuar o passeio.
Imagino que você já esteja cansado de caminhar. Então, para a tarde, pode ser uma boa passear por Porto Alegre sentadinho no ônibus da Linha Turismo. Se tiver um vento frio, o andar debaixo é fechado, mas o mais legal é ir no segundo andar, que é aberto, e ver a cidade de cima.
Tem ingressos que são do tipo Hop On/Hop Off, um sistema que permite embarques e desembarques no mesmo dia, a cada 2 horas, em pontos turísticos da cidade. Ele para em lugares como o Cais Embarcadero, o trecho 3 da orla (onde fica a megapista de skate), o Iberê Camargo, o Parque Moinhos de Vento e o Mercado Público. Então, se não deu tempo de fazer alguma dessas coisas nos dias anteriores, dá para aproveitar.
À noite, vale conhecer os barzinhos da Cidade Baixa, bairro alternativo da cidade, amado pelo público jovem. A gente dá várias dicas no post sobre a noite em Porto Alegre.
O que fazer no 4° dia em Porto Alegre
Existem mais atrações no Centro Histórico que eu não consegui encaixar nos dias anteriores. Eu sugiro começar o dia conhecendo a Praça da Matriz. É a "praça dos poderes" do Rio Grande do Sul, onde ficam as sedes dos poderes executivo (Palácio Piratini), legislativo e judiciário.
A praça é pequenina, tem calçada em pedra portuguesa, jacarandás e outras árvores floridas, um pequeno playground e um notável monumento ao centro, em homenagem a Júlio de Castilhos, governante do Rio Grande do Sul por duas vezes e principal autor da Constituição Estadual de 1891. O monumento tem formato de uma pirâmide, incluindo diversas figuras alegóricas para representar a biografia do homenageado, suas virtudes e influências.
Estando ali, não deixe de visitar a Catedral Metropolitana. Obra de inspiração renascentista, ela tem uma cúpula de 65 metros de altura a partir do nível da praça, com um diâmetro interno de quase 18 metros. Um dos diferenciais da Catedral Metropolitana é a valorização da luz natural, seja por meio das janelas localizadas próximas ao teto, seja pelos belos vitrais nas naves laterais.
Vale também dar uma passada na Pinacoteca Ruben Berta, um museu pequenino de artes visuais que tem exposições gratuitas, e depois entrar no Museu Júlio de Castilhos, o mais antigo do Rio Grande do Sul. É um museu histórico sobre relevantes fatos políticos, sociais, culturais e econômicos do Estado.
Vale almoçar no Centro de Porto Alegre mesmo. Um lugar que eu amo é o Atelier de Massas, na Rua Riachuelo. Tem toda uma pegada de bodega italiana, só que com as paredes abarrotadas de telas de artistas locais, e as massas são deliciosoas.
Depois, minha dica é ir para a zona sul de Porto Alegre. Se o dia estiver aberto, pode ser uma boa ir até o Santuário Mãe de Deus, um pequeno templo católico no topo do morro da Pedra Redonda. É uma construção relativamente pequena e de linhas arrojadas, feita de aço, tijolos e vidro, tendo como destaque o amplo telhado que se estende até o nível do chão. Foi erguido em um terreno de sete hectares, com uma vista de 360 graus da zona sul de Porto Alegre. De lá, dá para ver o Guaíba e o começo da Lagoa dos Patos.
Saindo do Santuário, siga até o bairro Tristeza para visitar a Floricultura Winge. É um lugar florido em qualquer estação, onde a única planta que não está à venda é a grande figueira no meio do terreno, que assiste à quinta geração da mesma família trabalhar ali. A história desse lugar começou em 1886 com um imigrante alemão chamado Josef Winge. Juiz na Silésia (hoje Alemanha), ele trouxe no navio um livro de horticultura e começou a produzir mudas para vender aos agricultores.
Ali tem uma cafeteria muito mimosa, o Café & Prosa. É um prédio pequeno e colorido, decorado com móveis de madeira antigos — mas são as mesas na rua as mais disputadas. Tem café que passa na hora, na sua mesa, e tortas maravilhosas — a de nozes com damascos vem com uma pequena jarrinha de doce de ovos. É muito bom.
Por fim, vou lhe sugerir um outro ângulo para ver o entardecer no Guaíba. O calçadão de Ipanema se estende por quase dois quilômetros da Avenida Guaíba e é um passeio agradável de se fazer. Tem quadras de vôlei de areia (mas precisa levar a rede), academia ao ar livre e playgrounds para a criançada. Vale sentar no banco livre ao lado dos namorados de mosaico, da artista Maria Tomaselli, e prestar uma homenagem no Monumento à Mãe Oxum, que é a mãe da água doce. Uma bela forma de agradecer pela viagem, né?