Bruna Scirea
Jornalista sempre pronta para descobrir novos cantos do Brasil e do mundo, conhecer gentes, culturas, histórias, e provar todas as comidas - e vinhos - possíveis.
Onde comer em Lisboa
Parte do que torna Lisboa um destino tão especial para viajantes de todo o mundo diz respeito à gastronomia. Aliás, não fossem as tantas ladeiras acima e abaixo e as longas caminhadas (das quais nem se reclama, pois valem a pena), talvez você deixasse a cidade levando alguns tantos quilinhos como recordação. Pensando bem… Talvez leve de qualquer maneira, mesmo com todo o bate-perna! 😅
É que a comida é boa e farta — frequentemente a meia dose, que seria o recomendado para uma pessoa, acaba servindo duas. E mais do que isso: os preços são mais em conta do que em muitas outras cidades turísticas da Europa. Não é tão raro encontrar em Lisboa, mesmo nos locais mais turísticos, opções no cardápio com valores entre 10 e 12 euros (ainda que a média, em geral, seja de 15 euros por prato nas tascas e de 20 euros em restaurantes mais modernos). Então, já sabe: segure a gula quem puder.
Bacalhau, bacalhau e mais bacalhau
Não dá para falar da gastronomia de Lisboa sem começar pelo bacalhau. Esse é um dos mais emblemáticos e saborosos ingredientes da cozinha portuguesa. Bastante versátil, o peixe pode ser consumido em diferentes receitas. E, se você curte, nossa recomendação é provar o maior número de preparos. Aliás, confira nosso post completo sobre Bacalhau em Portugal, com dicas de pratos para provar em Lisboa e no Porto.
O bolinho de bacalhau é uma entrada comum em qualquer restaurante, e há ainda casas especializadas na iguaria, como a Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau, com versões com queijo da Serra da Estrela derretido dentro. De chorar! O Bacalhau à Brás é desfiado e leva batata palha, cebola frita e ovos mexidos. O Bacalhau com Natas é cremoso, com molho branco e batatas. O Bacalhau à Gomes de Sá é servido em lascas, com bastante azeite de oliva, azeitonas, batatas, ovos cozidos e salsinha. O Bacalhau à Lagareiro vem praticamente submerso em azeite de oliva, com batatas, alho e coentro, um preparo clássico também para o polvo, no tradicional Polvo à Lagareiro. E pode ser que ainda exista uma receita original em cada tasca que você visitar — já provamos, por exemplo, o bacalhau envolto em massa folhada da Ti Natércia e o gratinado com maionese na Tasca da Sé. Um dos nossos preferidos é o Bacalhau do Zé da Mouraria, e também são clássicos os pratos da Casa do Bacalhau.
Marisqueiras: onde comer frutos do mar em Lisboa
A privilegiada posição geográfica do país fez dos portugueses pescadores de excelência. Os peixes e frutos do mar são abundantes em suas águas e também nos cardápios de qualquer restaurante dedicado à gastronomia portuguesa. No entanto, há locais que levam as delícias da água salgada a outro nível: são as marisqueiras, que servem ostras, berbigões, percebes, amêijoas, camarões enormes, caranguejos gigantes (santolas) e muito mais, tudo acompanhado de uma cervejinha estalando de gelada.
Entre as melhores marisqueiras de Lisboa está a Cervejaria Ramiro (faça reserva pelo site), famosa pelo camarão tigre, pela santola e pelos vôngoles tradicionalmente preparados com molho à base de alho e vinho (Amêijoas à Bulhão Pato) — maravilhoso! Outra opção é o Solar dos Presuntos, que recebe seus clientes a partir de um corredor em que uma das paredes é um aquário repleto de lagostas. A Marisqueira do Lis, Cervejaria Ribadouro e Pinóquio também são restaurantes bastante lembrados quando a fome é de frutos do mar. Pelos produtos que servem, vale lembrar que nas marisqueiras as refeições têm valores mais elevados do que nas tascas de Lisboa (restaurantes menores, bem tradicionais, que servem o mais clássico da comida portuguesa). Mas é garantido: valem a pena.
Tascas de Lisboa: o mais tradicional da cozinha portuguesa
Já que falamos das tascas… Bem, elas estão por todos os lados, com cardápios e qualidade bastante similares. São restaurantes menores, geralmente frequentados pelos lisboetas, onde se come o que há de mais tradicional na cozinha portuguesa do dia a dia.
Repetimos: come-se bem em Portugal. E quase nenhum restaurante foge à regra. Mas há sempre os mais conhecidos — e também aqueles que nós, do Melhores Destinos, adoramos. A Merendinha do Arco Bandeira, na Baixa, é uma delas, com deliciosas sardinhas na brasa e pataniscas de bacalhau acompanhadas de arroz de tomate. No Zé dos Cornos, tem pratos com frutos do mar e também carnes e embutidos — destaque para o famoso arroz de feijão.
Para bater ponto toda vez que pisar em Lisboa: o Zé da Mouraria, com duas unidades, que serve o espetacular "Choco ao Alhinho" (molusco parecido com a lula, preparado com muito azeite de oliva, alho, coentro e batatas) e os saborosos "bifinhos". As generosas doses servem de três a quatro pessoas. A Casa da Índia é outro clássico de Lisboa, com frango assado e pratos do dia. Para comer um lanche rápido, mas bem tradicional, enfrente a rápida fila das Bifanas do Afonso (bife de porco com queijo dentro de um pãozinho, com muita mostarda para quem acompanhar).
Vale lembrar que as tascas costumam ter preços acessíveis e porções enormes — mesmo as individuais frequentemente servem duas, três, às vezes quatro, pessoas. E, se viajar para Lisboa a partir de maio, nos meses mais quentes do ano por lá, provavelmente verá plaquinhas em frente aos estabelecimentos informando que "há caracóis". Isso mesmo, caracóis, daqueles bem miudinhos. Um petisco bem inusitado para acompanhar uma imperial (chope). Por que não? Dentro dos limites de cada um, viajar também é descobrir novos sabores.
TimeOut Market: chefs portugueses em uma grande praça de alimentação
No Cais do Sodré, está o imperdível Mercado da Ribeira, também conhecido como Time Out Market. O espaço foi revitalizado nos últimos anos e hoje abriga dezenas de restaurantes, muitos deles de famosos chefs portugueses, como Henrique Sá Pessoa (proprietário do Alma, duas estrelas Michelin), Marlene Vieira, Miguel Castro e Silva, Alexandre Silva e Vincent Farges (uma estrela), que servem pratos com preços razoáveis. São várias as mesas espalhadas pelo mercado, assim como as possibilidades de petiscos: queijos, embutidos, pregos (basicamente um bife dentro de um pão, mas mais saboroso do que parece ser), pastéis de nata e por aí vai. O local é supermovimentado e, para conseguir uma mesa, por vezes é um salve-se quem puder. De toda forma, vale ao menos dar uma espiada.
Ainda na concepção de uma praça de alimentação, tem o Mercado do Campo Ourique, bem menor e menos turístico do que o da Ribeira, onde é possível encontrar marisqueiras, pratos com leitão, tartares, sushi e doces portugueses. O mercado fica próximo à estação de onde parte do Eléctrico 28 — oportunidade de pegar o famoso bondinho no início do percurso e, de repente, conseguir até um lugar para viajar sentado.
Bairro Alto e Príncipe Real: os modernos restaurantes de Lisboa
No Bairro Alto, próximo ao Largo do Carmo, estão praticamente lado a lado dois conhecidos nomes da gastronomia lisboeta: a Cervejaria Trindade e o Bairro do Avillez, abertos ao meio-dia e também à noite. No primeiro, estão em destaque os vários pratos com frutos do mar, além, claro, das cervejas. Já no Bairro do Avillez estão alguns dos tantos restaurantes que o estrelado chef José Avillez tem em Lisboa. Na Taberna, há petiscos de assinatura; no Páteo, ganham vez os frutos do mar, e tem ainda uma pizzaria e um mini bar.
Ao passar em frente ao Sea Me, você certamente encontrará uma fila. Essa é uma das marisqueiras mais modernas da cidade, com muitos peixes grelhados, mariscos e também pratos de sushi, tudo servido em um ambiente elegante. O 100maneiras é outro estrelado restaurante de Lisboa, com excelente carta de vinhos e um delicioso menu.
O Príncipe Real é um dos bairros que mais concentram restaurantes de cozinha internacional em Lisboa. O RUA traz referências latinas e asiáticas — uma explosão de sabores em formas de pratos para compartilhar. A Cevicheria se explica no próprio nome, mas podemos falar um pouquinho mais: ambiente divertido, com ceviches que vão do clássico a preparos com frutas, tudo colorido e muito bem apresentado. O Atalho Real é especializado em carnes; o La Paparrucha é argentino, mas no almoço serve menus executivos variados em um espaço com uma vista incrível para a cidade, e o ZeroZero serve uma das mais famosas pizzas de Lisboa.
Onde comer em Belém, Lisboa
Em Belém, nossa indicação é a Cervejaria Portugália, localizada ao lado do Padrão dos Descobrimentos — já dá para imaginar a bela vista que se tem. No cardápio, estão os famosos bifes da casa e muitas opções de pratos especiais, como a Açorda de Camarão e o Bacalhau à Brás. Nossa sugestão: tente se acomodar em uma mesa no terraço para aproveitar o Rio Tejo logo à sua frente. E, uma vez em Belém, não se esqueça de provar o autêntico doce da Pastéis de Belém. Tanto faz quando, se antes ou depois do almoço. Nas férias, tudo é permitido!
Outras sugestões são a Tasca do Gordo e o estrelado O Frade. E para comer cercado por uma bela decoração e com vista incrível para o Tejo logo à frente, recomendamos o maat Kitchen (junto ao museu) e o SUD Lisboa Terrazza, ambos com cardápios mais sofisticados.
Melhores pastéis de nata em Lisboa
A sobremesa fica por conta das várias docerias da cidade, como a Manteigaria e seus pastéis de nata sempre quentinhos; a Pastelaria Santo António, próxima ao Castelo de São Jorge; a Pau de Canela; a Pastelaria Alcôa, original de Alcobaça e famosa pelos doces conventuais, e o tradicional Café A Brasileira. Se precisar de ajuda na hora de provar a iguaria mais clássica, confira o post com os melhores pastéis de nata em Lisboa (na nossa opinião).
Não só no verão, mas em qualquer época do ano, também vale provar os sorvetes da Gelateria Davvero e a Santini, com várias unidades em Lisboa.
Onde provar ginjinha em Lisboa
Para arrematar, há de se degustar a ginjinha, um licor feito com a fruta ginja (parecida com a cereja) tradicional de Óbidos, mas também pode ser provado em Lisboa. Na Baixa, são dois os lugares mais procurados: A Ginjinha, ao lado do Teatro Nacional D. Maria II, na Praça do Rossio, e a Ginjinha do Carmo. Quando lhe perguntarem “com ou sem elas?”, entenda: você quer a bebida com ou sem as frutas curtidas dentro dela? Para a experiência ser completa, escolha "com elas"!