Monique Renne Repórter fotográfica. Com um mundo inteiro a ser descoberto.

Via Sacra e o Santo Sepulcro

O trajeto marca, segundo a tradição, os últimos momentos de agonia e sofrimento de Jesus Cristo. Pelas antigas ruas de Jerusalém, o filho de Deus teria percorrido as horas finais de sua vida antes de ser crucificado. Hoje, a antiga cidade-já destruída e reformada tantas vezes-pouco guarda do que teria sido a Jerusalém da época. No entanto, a tradição cristã aponta os lugares onde os mais importantes eventos daquele dia teriam ocorrido. E é por esses pontos que hoje a Via Sacra, ou Via Dolorosa, é percorrida.

Entre capelas, igrejas ou apenas marcações simbólicas na rua, peregrinos desafiam a multidão para traçar o que teria sido a mesma rota de Jesus. No caminho, comércios e vendedores ambulantes se misturam aos fiéis; peregrinos em penitência literalmente carregam a cruz; e muitos curiosos caminham pela milenar história que toma conta de Jerusalém. Independente da religião, é preciso ter fé para cumprir todo o confuso circuito repetido entre os turistas. O caminho é muito concorrido, cheio de ladeiras e escadas lotadas.

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O trajeto da Via Sacra, em Jerusalém, é marcado por 14 pontos. Nem todos eles são muito claros ou oferecem paradas para oração. No total são 600 metros de percurso entre a primeira e última estação, sempre pela rua de nome Via Dolorosa. O trajeto total só pode ser percorrido a pé.

Veja todos os passos da Via Sacra na Cidade Velha de Jerusalém. 

 – Jesus é condenado.

O local onde teria sido a Fortaleza Antônia é marcado pela Porta do Leão. A estação propriamente dita fica no interior de um colégio árabe chamado Escolha Primária Umariya e não é permitido o acesso à área interna. 

 – Jesus carrega a cruz.

Esta estação é marcada por dois pontos identificados pela Capela da Flagelação e a Capela da Condenação. Nesse local Jesus teria sofrido a flagelação.

3ª e 4ª – Jesus cai pela primeira vez e encontra a sua mãe.

As duas estações estão localizadas lado a lado e são marcadas pelo Patriarcado Armênio de Jerusalém e uma pequena capela com ruínas ao lado.

 – Simão Cireneu ajuda Cristo a carregar a cruz.

A estação número cinco está localizada na Via Dolorosa, de frente à passagem dos pedestres. Ela é marcada por um pequeno oratório franciscano.

 – Jesus tem o rosto limpo por uma mulher (Verônica).

O lugar onde teria acontecido a cena em que uma mulher limpa o rosto de Jesus é marcado por uma pequena capela de origem Grego-Católica.

 – Jesus cai pela segunda vez.

À beira da Rua do Mercado está o ponto assinalado como o local onde Jesus teria caído pela segunda vez a caminho do calvário.

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 – Jesus consola as mulheres de Jerusalém

Também na rua, entre lojas do mercado, está a o local onde Jesus teria parado para consolar as mulheres que o acompanhavam no caminho até a crucificação.

 – Jesus cai pela terceira vez.

O local da terceira queda de Jesus é marcado por uma coluna em estilho romana à frente da entrada de um mosteiro Copta.

A partir deste momento todas as estações estão localizadas dentro da Basílica do Santo Sepulcro. Um dos lugares mais sagrados para os cristãos, não só em Jerusalém como em todo o mundo, o Santo Sepulcro marca o ponto onde Jesus, segundo as tradições cristãs, teria sido crucificado, morto e sepultado. A localização do evento, assim como de muitos outros em Jerusalém, é polêmica. Destino de uma das maiores peregrinações católicas do mundo, o local foi escolhido, em 326 d.C, pela rainha Helena, mãe do então imperador Constantino. Segundo a tradição, a primeira Igreja do Santo Sepulcro foi construída sobre um antigo templo romano do século II que, por sua vez, teria sido construído sobre o local dos acontecimentos registrados na bíblia. Sob o templo romano foram encontrados vários túmulos, um deles teria sido identificado como o de José de Arimateia. E é neste túmulo, que permanece até hoje na Igreja, o local onde Jesus teria sido enterrado.

A Basílica do Santo Sepulcro tem domínio conjunto de várias diferentes igrejas: Romana Católica, Greco Ortodoxa, Apostólica Armênia e, em menor grau, Siríaca Ortodoxa, Cóptica Ortodoxa e Etíope Ortodoxa. Além disso, ela já sofreu com incêndios, invasões e terremoto. O que hoje se vê representa pouco da construção original. A maior parte do atual prédio data de século XII, porém a Rotunda e o local onde está a Tumba preservam os desenhos originais. Apesar de tantas transformações, a fé dos cristãos se mantém, assim como as peregrinações.

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Visitar o local pela primeira vez pode levar a uma certa surpresa. São tantos visitantes e locais sagrados que tudo se torna um pouco confuso, a começar pelo fato de as cinco últimas estações da Via Sacra estarem localizadas dentro da basílica. É tanta gente, tanta capela de representações cristãs diferentes e tanto lugar sagrado que a ajuda de um guia é fundamental neste momento.

Existe apenas uma entrada para toda a Basílica (lá dentro ela é subdividida em várias pequenas sessões). Logo depois da porta, os peregrinos se deparam com a Pedra da Unção, onde o corpo de Jesus teria sido preparado para a crucificação. A pedra é disputada e muitos aproveitam o momento para tocá-la e também passar alguns objetos pessoais.

10ª – Jesus é despojado de suas vestes

Localizado na Capela Romana Católica, essa estação é marcada por uma pequena salinha que passa despercebida por muitos peregrinos. Pelo lado de fora da Basílica, é possível ver a torre que marca a capela. Por dentro há apenas uma pequena abertura na janela que permite ver dentro da sala.

11ª – Jesus é pregado na cruz

Logo ao lado da 10ª estação, também na Capela Romana, o pequeno altar com uma imagem trabalhada na parede marca o momento em que Jesus é pregado na cruz.

12ª – Jesus morre na cruz

Um dos locais mais importantes para os cristãos, a 12ª estação da Via Sacra marca o local onde teria sido colocada a cruz em que Jesus foi crucificado e morto. Ao lado das estações anteriores, porém agora na Capela Greco Ortodoxa, está a Pedra do Calvário (ou Gólgota). Este é um dos momentos que mais emociona aos peregrinos, especialmente por ser possível tocar a pedra sob o altar. Um pedaço da rocha também pode ser visto no andar inferior, na Capela de Adão.

13ª – O corpo de Jesus é retirado da Cruz

Há duas versões distintas para a esta estação. Alguns apontam o local como sendo imagem de Maria, localizada próxima às estações anteriores. Outros, no entanto, a identificam como a Pedra da Unção, localizada na entrada da Basílica.

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14ª – Jesus é sepultado

Apesar de ser o nome de toda a basílica, o espaço onde está o Santo Sepulcro é bastante reduzido. Localizado no vão central da grande Rotunda, a pequena câmara abriga a Capela do Anjo e o Santo Sepulcro, propriamente dito. Entrar é tarefa para os mais destemidos, já que a confusão é grande e a pequena porta permite a passagem de apenas um visitante por vez. No interior está o que seria, segundo a tradição cristã, o túmulo de Jesus.

Além dos pontos da Via Sacra, é possível percorrer toda a Basílica e visitar capelas de várias vertentes do cristianismo. Se quiser visitar o local com mais calma e menos aglomeração, dê preferência para o início da manhã. É importante ressaltar que não há embasamento arqueológico para este percurso, que foi criado por volta do século VIII e já sofreu alterações ao longo da história. 


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